Problema na estrutura da Hercílio Deeke se agravam
Imagine acordar, ligar o rádio e ouvir a notícia de que a ponte Hercílio Deeke está definitivamente interrompida para a passagem de carros e pedestres. Milhares de pessoas que moram na margem esquerda do rio vivem essa angústia. Suas rotinas seriam transformadas da noite para o dia. Há dez anos, essa situação era inimaginável. Hoje, não parece assim tão absurda. Existe a ameaça de fechamento da única ligação entre as duas margens do Itajaí-Açu em Gaspar. A estrutura da ponte está comprometida. Por precaução, o tráfego de veículos pesados está limitado. Placas de sinalização, em vários pontos da cidade, alertam para essa proibição e uma fiscalização quase 24 horas impede que motoristas cometam a imprudência de cruzar a ponte com seus caminhões acima de 10 toneladas. A Diretoria de Trânsito informa que de 26 de fevereiro a 8 de abril, 88 autuações de trânsito foram aplicadas por desobediência ao decreto-lei do Executivo.
Enquanto tenta-se evitar o pior, o governo municipal procura vencer a burocracia para realizar a licitação da primeira parte da obra da Ponte do Vale, uma segunda alternativa de travessia no final da Rua Itajaí, no bairro Poço Grande. A assessoria de imprensa da prefeitura informa que a obra está em fase de pré-qualificação das empresas para a abertura do processo de licitação, o que é um procedimento previsto na lei de licitação.
Porém, a Hercílio Deeke parece não querer aguardar a burocracia. Há um mês, a cabeceira da margem esquerda cedeu mais um pouco. A fiscalização se intensificou e novas medidas foram adotadas. Um novo laudo técnico está sendo realizado, tendo como base o de 2005, assinado pelo Engenheiro Perci Odebrecht, que alertava para os graves problemas estruturais da ponte. Aliás, não precisa ter muito conhecimento de engenharia para observar que existe algo de errado na Hercílio Deeke. A visão sob a ponte é preocupante. O concreto desgastou e ferros corroídos pela erosão são visíveis (detalhe, na foto menor).
Para o ex-prefeito, Adilson Schmitt (2005-2008), desgaste e erosão não parecem sensibilizar as autoridades. “Os governos somente vão se preocupar com a ponte o dia em que ela for interditada de vez. Aí virão engenheiros e até o exército para cá, o dinheiro vai aparecer e uma nova ponte será feita em tempo recorde”, prevê Schmitt que lamenta o fato que durante o seu governo Gaspar foi preterida no Orçamento da União para que Ilhota pudesse ter a sua ponte (a obra já iniciou). “Usaram Gaspar para conseguir a verba para a ponte de Ilhota”, dispara o ex-prefeito. Segundo ele, num primeiro momento a proposta era de que seriam feitas duas pontes, “mas acabaram mudando a proposta de emenda ao orçamento para apenas uma ponte e Ilhota acabou contemplada”.
A assessoria de imprensa informa que em sua viagem a Brasília na próxima terça-feira(13), Zuchi tem uma agenda no Ministério da Integração junto à Secretaria de Defesa Civil Nacional na onde já existe protocolada uma proposta de recursos para restauração e reforço da ponte.
Vontade política
O presidente da Associação Empresarial de Gaspar, Samir Buhatem, entra na polêmica e diz que falta, na verdade, “vontade política” para que a obra da ponte seja, enfim, executada. “O governo municipal tá com a caneta na mão”, opina o empresário. A entidade, que financiou o projeto da Ponte do Vale, diz que a falta de uma estrutura viária adequada na região acaba prejudicando o desenvolvimento e até mandando embora daqui empresas geradoras de emprego e renda. “Se não tem investimento público, também não tem o privado”, finaliza Buhatem.
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