A centenária história dos Zimmermann na Águas Negras
A centenária história dos Zimmermann na Águas Negras
A figueira na entrada da bela propriedade, na localidade de Águas Negras, é testemunha da história centenária da grande família Zimmerman. Até meados do século passado quando se chegava ao final da estrada geral era difícil não encontrar uma pessoa que não carregasse o sobrenome Zimmermann. “Aqui era tudo parente”, diz o agricultor Ziridion, 77 anos, um dos últimos remanescentes da família que fincou raízes na localidade. Uma história que, segundo ele, começou no século XIX quando seu bisavô Pedro veio da Alemanha trazendo junto a esposa e filhos.
Eles se estabeleceram em terras próximas ao hoje porto de areia Zimmermann, no bairro Bela Vista. No Brasil nasceu Humberto que mais tarde seria pai de Aldo que, por sua vez, se casou com Ana e teve cinco filhos, um deles Ziridion. Foi seu avô que comprou terras na Águas Negras para montar um engenho de serra movido a água já que o líquido jorrava em abundância naquela região da cidade (daí porque o nome do lugar). “Meu avô contava que isto aqui era tudo mato e banhado, ele que abriu a estrada a enxadão”, relembra o agricultor.
Humberto também construiu uma das mais antigas e bonitas casas do bairro em estilo enxaimel. A casa tem mais de 80 anos e já passou por algumas reformas; hoje é moradia de Ziridion, da esposa Angelina e do simpático gato que atende pelo curioso nome de Lula, sugestão de uma das netas. A residência é considerada um patrimônio histórico do município.
Ziridion nasceu e viveu na Águas Negras até 14 anos. Ele ajudava o pai no plantio de cana, arroz, mandioca e na extração de madeira vendida para as indústrias da região. A família decidiu então morar no Belchior Baixo onde o pai buscava terras mais produtivas para plantar arroz. Cinco anos depois, Ziridion casou e foi tentar a sorte em Rio do Sul, mas como o “bom filho à casa retorna”, ele voltou para a Águas Negras há mais de 40 anos e nunca mais arredou pé.
O recomeço foi como empregado na propriedade dos tios, porém, bastaram dez anos para que ele se tornasse dono de parte das terras. O tio que lhe vendeu o terreno foi seu inquilino por 25 anos, mas essa história Ziridion prefere não contar. O que lhe traz boas recordações é do tempo que era uma criança e já empunhava a enxada para plantar arroz no brejo. “Antes de ir para escola trabalhava na roça”, conta o agricultor. Ao acordar pela manhã, a sua primeira tarefa era puxar os bois que carregavam a lenha. Só depois, vestia o uniforme branco e com os livros debaixo do braço caminhava meia hora até a escola onde a professora Clotilde (esposa de Hilário Pamplona) o aguardava. Ziridion frequentou os bancos escolares por três anos, mas admite que estudou mesmo um ano, o suficiente para aprender a ler, escrever e fazer contas rápidas e precisas. “Fui convidado a dar aulas de matemática para a turma”, gaba-se o simpático senhor. Mas, a sua vocação nunca foi a de ensinar. Ele sempre gostou mesmo é de trabalhar na roça. “A vida inteira trabalhei sozinho, inclusive arrancando madeira do mato”, revela.
“Para mim ele sempre foi um homem bom, trabalhador e excelente pai”.
Angelina Zimmermann
“A Angelina é caprichosa e sempre ajudou, hoje está um pouco doente, mas continua sendo muito companheira”.
Ziridion Zimmermann
Trabalho continua, mesmo contra orientação médica
Durante muitos anos, Ziridion plantou arroz, mandioca e vendeu lenha picada. Hoje, por orientação médica deveria ter abandonado a lida, mas teimoso, como diz a esposa, insiste em trabalhar mesmo com problemas nas pernas e na coluna. O cultivo de arroz ele interrompeu e arrendou a quadra para o primo vizinho. Hoje, Ziridion já não é mais “madrugador”, acorda por volta das 7h30 e vai direto tratar o gado e outros afazeres na bela propriedade (foto acima). A atividade de agricultor, na sua opinião, é pouco reconhecida. “O que tu tens para vender nunca é valorizado, mas o medicamento do gado é caro”, compara. Embora a vida tenha sido difícil, o maior susto foi mesmo na enchente de novembro do ano passado. “Nunca vi tanta água na minha vida, nas outras enchentes ela vinha e já baixava, desta vez ficou 24 horas dentro de casa”, conta.
Sites trazem a genealogia dos Zimmermann no Brasil
De origem alemã, não são poucos os descendentes dos Zimmermann no Brasil. Uma rápida busca na internet (Google) é possível localizar mais de 62 mil citações desde empresas, sites pessoais, blogs, relatos de encontros das famílias entre outras notícias. Porém, o que mais chama atenção é o número de sites e blogs pessoais sobre a história e genealogia da família no Brasil. Um destes sites é www.familiazimmermann.com.br. O autor é Jorge Roberto Zimmermann, que reside no Rio de Janeiro (RJ). Ele é autor de um livro - Nós, os Zimmermann - e se prepara para escrever um segundo com relatos de quem foram e quem são seus descendentes no Brasil e na Alemanha. Vale a pena conferir.
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