Imóvel é o mais antigo da Rua Luís Franzoi

Imóvel é o mais antigo da Rua Luís Franzoi

O sobrenome Lenfers é tradicional em Gaspar. Os primeiros antepassados a pisar em solo tupiniquim, vindos da Alemanha, escolheram uma área próxima à margem esquerda do Itajaí. Geraldo Lenfers foi um deles. Segundo antigos relatos, a terra da família Lenfers se estendia até onde podia o alcance da visão. Com o tempo, as propriedades foram sendo divididas entre os filhos e netos até se tornarem minifúndios. Boa parte das terras acabaram vendidas ou trocadas por outras e pouco ou quase nenhum vestígio restou da presença da família na margem esquerda. Filho de Geraldo, o carpinteiro Francisco Lenfers foi dono de uma grande área de terra na Rua Luís Franzoi, e tinha como vizinhos seus irmãos Sebastião e Bernardo. “Só o terreno do meu pai media 108 mil metros quadrados”, lembra Eurides José Lenfers, filho herdeiro de seu Chico, como era conhecido o carpinteiro na pequena comunidade. Chico morreu muito jovem, antes de completar 37 anos, acometido de um câncer. Por isso, usufruiu muito pouco do casarão da família, cuja construção ele havia iniciado quatro anos antes. “Ele morou apenas cinco meses na casa”, conta Eurides que na época tinha três anos de idade. Mais tarde, Dulce, esposa de Francisco, concluiu a obra. Aos 88 anos, ela se divide entre uma temporada no velho casarão e outra na casa de uma das filhas, no bairro Coloninha.  Único homem de cinco filhos do casal, Eurides herdou o casarão da família e passou a ocupá-lo com a esposa Neusa Maria Lenfers.
 

Arquitetura original preservada


Cinquenta e cinco anos depois, o casarão mantém a arquitetura original e chama a atenção das pessoas que passam pela Luis Franzoi. As paredes de tijolo maciço são instransponíveis. “Como na época não havia energia elétrica e o meu pai achava que a energia nunca chegaria aqui, nem projetou a casa com fiação elétrica.  Já tentei, mas é impossível perfurar as paredes”, relata Eurides. A madeira original também parece não ter sofrido qualquer ação do tempo. Eurides fez pequenas reformas no imóvel. Uma delas foi para eliminar a despensa que ficava no meio da cozinha.
O sótão, o maior cômodo da casa, também passou por uma reforma para que pudesse ser o espaço do único filho do casal, Jairo. “Aqui ele tem total privacidade”, diz Neusa.
O casarão dos Lenfers tem 10,8 mil metros quadrados, distribuídos em três amplos quartos, duas salas, um banheiro e o sótão. A casa, segundo Eurides, foi uma das dez primeiras a ser construída na rua e hoje, seguramente, é a mais antiga.
Ex-empregado da Sul Fabril e da Círculo, Eurides decidiu retomar as raízes de agricultor dos seus antepassados. Em cima da cômoda, na sala principal, uma fileira de porta-retratos, com fotos antigas e atuais da família, dá a exata dimensão da importância do casarão na vida  dos Lenfers.