Mesmo que a gente se planeje, mude a rotina, estabeleça prazos, saia da zona de conforto por acreditar num sonho, decrete um mundo com mais gentilezas, lute contra tudo que não tiver a reciprocidade como norte, mesmo isso que foi ou aquilo de deixou de ser: a vida sempre lançará rasteiras para testar até onde alcança a nossa resistência.  

Viver se justifica pelo simples fato de saber que nenhum dia é igual ao outro e que temos todas as oportunidades de sempre florescer de uma forma diferente, exatamente todo os dias. Viver não é uma linha linear, mas uma montanha-russa que nos exige fôlego e disposição. Viver é encontrar nos pequenos motivos todos aqueles que consideramos necessários para tornar essa passagem por aqui encantadora e inesquecível.

Viver é ficar de pés descalços para o inesperado, é tropeçar, é ralar os joelhos, mas nunca desistir de levantar e seguir viagem, mesmo em pedaços. Viver é dançar na chuva, é abraçar quem você ama, é deixar o sol entrar pela janela, é descortinar seu varal de esperanças. Viver é descobrir a nossa capacidade de ir, de fazer, a nossa força, a nossa fé.

Viver é se conectar com a sua melhor versão todos os dias, é driblar a aspereza do mundo com o seu melhor sorriso, é criar atalhos para escapar da tristeza, é aceitar as suas limitações com a maturidade de um adulto. Viver é jogar os dados para o acaso e entender que o resultado é consequência das escolhas que você fez na vida.

Viver é caminhar para a esquerda enquanto todos vão pela direita, é ter a humildade de pedir desculpas, é entender que não somos iguais e que são justamente as diferenças que tornam a nossa relação com o universo tão maravilhosa. Viver é não ter respostas para tudo, é compreender as perdas mesmo quando elas nos tiram do eixo.

Viver é embaralhar o tempo, é ser silêncio quando as palavras não vierem, é escrever uma história para a sua existência com coragem e fluidez. Viver é elogiar o outro de afetos e se elogiar para o mundo também. Viver é aprender a ouvir um elogio com os dentes todos à mostra e se orgulhar de você por isso.

E por mais pesadas que sejam as pedras do caminho, ninguém volta o mesmo depois de atravessar o quintal inteiro. Viver é persistir com delicadeza, como bem disse Fabrício Carpinejar.