Sensibilidade camuflada

Quando presencio atitudes que transbordam meus olhos - por ainda acreditar na ciranda do bem - eu volto a respirar com uma fé tamanha no ser humano. Numa sociedade cada vez mais egoísta, onde os egos inflados disputam entre si desgovernadamente, regar o jardim do pátio de traz e esquecer de dar atenção para as plantinhas que timidamente nascem na frente de casa, é transferir toda a atenção somente para o próprio umbigo e esquecer que, muitas vezes, alguém precisa do nosso olhar, da nossa ajuda, das nossas mãos, do nosso abraço. Já pensou nisso? Então. 

São momentos como esse que me trazem inúmeras reflexões, vem comigo: Para qual caminho estou levando a minha vida? As minhas atitudes refletem no mundo que eu quero e acredito? A forma de me relacionar com o Outro condiz com meus discursos, especialmente quando enfatizo sobre a gentileza, o amor ao próximo, o fazer e ser a diferença?

Mais do que em qualquer tempo, a importância está em SER e não em TER. De que vale ir na missa duas vezes na semana e negar água para um morador de rua? De que vale inflar o peito por esse ou aquele título e não cumprimentar o porteiro e/ou zelador do prédio que você mora? De que vale ostentar uma casa luxuosa e não ter uma família unida e feliz dentro?

Confesso que eu nunca entendi quem faz cara de desprezo até para o sol, quando ele se põe mais para a esquerda do para a direita ou vice-versa. Não consigo me conformar com quem não abraça longo, com quem não fala olhando nos olhos, com quem consegue trabalhar anos num lugar que detesta. Sinceramente.

De coração: como é que a gente faz pra dar uma sacudida nessa gente que sorri de má vontade e que aponta o dedo sem conhecer a história do Outro? Gente, cuidem do seu próprio universo, da sua vida, da sua alma e deixem o Outro ser o que ele quer ser, o que ele quer usar, o que ele quer escolher, o que ELE QUER para a vida dele.

Em que momento passamos a camuflar a nossa sensibilidade, o nosso bom senso, a nossa capacidade de estender a nossa bondade a quem precisa dela? Vivemos uma apatia sem tamanho com nosso entorno. Estamos perdendo a essência e o nosso olhar já atua anestesiado. Não é por menos que o sociólogo Zygmunt Bauman enfatiza tanto em suas conferências e livros que "nada foi feito para durar, para ser sólido" já que "vivemos em tempos líquidos".

Eu preferia acreditar em outra realidade, mas, a falta de amor anda tão escancarada que há muito já venho concordando com Bauman. A pergunta que eu faço é: o que podemos fazer para mudar isso? Sem longos prazos, que tal começarmos já? Penso que, se remarmos juntos, nos alcançaremos de novo.

Bibiana Benites
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