Esperança renovada
25/07/2019 08:56
Mais do que as palavras, o que me faz admirar de fato outro ser humano são as suas atitudes. Existe algo mais bonito do que ser cativada por pequenas singelezas do cotidiano? Quando alguém consegue extrair o melhor de mim, desencadeiam, aqui dentro, sentimentos que me fazem acreditar que um mundo melhor ainda é possível. E só então confirmo que a ciranda do bem está seguindo o seu ciclo. E nem tudo está tão perdido quanto a gente pensa.
Para que vocês entendam do que estou me referindo, vou resumir uma história que aconteceu comigo: dia desses estava eu no centro da cidade, quando de repente o meu carro se desligou e não tinha santo nesse mundo que fizesse ele funcionar. Justamente num final de tarde, em que todos querem chegar depressa em suas casas, o trânsito - conectado com a Lei de Murphy - faz a demora se estender.
Entre carros, caminhões, bicicletas e pedestres, passou um rapaz, numa motocicleta, buzinando para que eu saísse da frente e pronunciando algumas palavras que nem valem a pena serem reproduzidas. Fiquei aborrecida pela agressividade e falta de empatia dele, mas tentei manter o eixo. Respirei fundo e fiz de conta que não era comigo.
Sei é que, passados 10 minutos do ocorrido, aquele mesmo homem surge espantosamente na janela do meu carro perguntando se eu queria ajuda. Em um primeiro momento eu não acreditei e confesso que fiquei receosa até de abrir o vidro. Só quando ele fez sinal de positivo e eu vi nos olhos dele a intenção de desfazer o malfeito, humildemente aceitei a ajuda. Naquelas circunstâncias, aquele gesto dele tomou uma proporção gigantesca e foi de uma importância absurda pra mim.
Ele disse que chegou em casa e, como residia perto de onde eu estava, resolveu voltar porque ficou preocupado comigo e sem jeito de ter me dito todas aquelas coisas. Fiquei emocionada, de embaçar os olhos, pela bondade dele. Deve ser porque a gentileza anda tão em falta, que quando alguém nos surpreende positivamente, o estranhamento toma conta. Mesmo quando não deveria.
E por mais Piegas que possa parecer, a mensagem que eu recebi do universo com tudo isso foi a seguinte: práticas como essa, renovam as minhas esperanças e marcam a diferença de dias bons, medianos e ruins. Voltei pra casa com uma sensação tão boa, tão leve, sem prender os olhos apenas nas tragédias, mas sabendo enxergar que, mesmo quando tudo parece não se ajeitar, a vida sempre se encarrega de colocar anjo em forma de gente no nosso caminho. Exemplos como esse fazem a vida tomar um novo fôlego, um novo impulso.
Obrigada moço da motocicleta, pela importância que você me dedicou parando aquela moto ao lado da minha janela e oferecendo seu tempo e a sua delicadeza. Obrigada por me mostrar que ainda existe quem se importa e me dar a chance de dançar, de par, com a esperança de novo.
Bibiana Benites