Um novo começo de era

Um novo começo de era

Eu vejo a vida melhor no futuro. Eu vejo um mundo em que conseguiremos nos apropriar de tal forma das tecnologias disponíveis que deixaremos de ser tão escravos da falta de tempo. Tudo o que conquistamos com o acesso a tanta informação acabou nos sufocando e criando uma legião de ansiosos. Nos últimos tempos vivemos orgulhosos de trabalhar até altas horas, de não ter tempo para nada, de misturar vida profissional e pessoal, de ter cada vez menos pausas para ser...humanos.

Mas isso cansa. Faz mal. Não nos preenche. Estamos começando a nos dar conta dos perigos do vazio de uma vida ocupada demais, como já pregava Sócrates. A evolução é lenta, mas é assim, experimentando, que a humanidade se transforma. Acredito que chegamos a um ponto de inversão de alguns valores. Se temos tanta tecnologia e informação ao nosso dispor, para que nos desgastamos tanto?
Por que perdemos tantas horas das nossas vidas no trânsito quando temos acesso a inúmeras ferramentas de contato remoto? Por que passamos tanto tempo longe de nossas famílias quando podemos produzir a partir de qualquer lugar? O que é mais importante: apresentar resultados ou bater ponto? Essas são apenas algumas possibilidades que já começam a tomar corpo nas organizações mais modernas. Basta pesquisar, ler, assistir palestras para conhecer iniciativas que, embora isoladas, pipocam no Brasil e no mundo. A mudança começou e não tem mais volta.
Estamos no século 21, mas trabalhando com modelos do século 20. E quando digo trabalhando, falo dos modelos de trabalho mesmo. Nossas organizações, via de regra, trabalham com controle top-down, de cima para baixo. Esse conceito de poder precisa ser revisto. As informações devem fluir de maneira mais horizontal, em que o papel do líder é dar a direção e garantir as ferramentas. Dar autonomia e poder de decisão. Isso requer descentralização, e por isso não será tão fácil.
As regras rígidas precisam ser substituídas por valores e a principal "moeda" deve ser a confiança. O sigilo deve dar lugar à transparência. A especialização e a estabilidade darão lugar às carreiras híbridas e adaptáveis. E quando chegarmos a esse ponto, não trabalharemos por sustento, mas por propósitos. Seremos cobrados não por presença, mas por produtividade. Se esse futuro ainda parece distante das empresas privadas, nas organizações públicas essas alternativas são verdadeiros tabus.
Mas o fato é que nossos modelos estão definitivamente insustentáveis _ social, econômica, política e ambientalmente. De alguma forma eles se transformarão. E assim como todas as grandes mudanças, essas também não se concretizarão rápido nem sem desgaste. Talvez não aconteçam na nossa geração - mas elas acontecerão.
Aprenderemos a cultivar o desapego _ por poder, por status, por lugares. Aprenderemos a abrir mão das burocracias. Porque simplesmente não haverá espaço nem recursos para continuar nos bancando da mesma maneira. Porque a sociedade saberá distinguir o que não pode mais continuar como está. Porque atingiremos o limite da nossa submissão a um modelo que não nos satisfaz. Porque novas gerações estão chegando e enxergando um mundo diferente. Cedo ou tarde, queiramos ou não, cairá o muro de hipocrisia que insiste em nos rodear.

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