O bem se faz na prática

O bem se faz na prática

Solidariedade não é algo necessariamente ligado à religião. Embora grandes obras de caridade nos remetam a nomes como o da catarinense Zilda Arns - que realizou uma obra admirável em contexto nacional, ou do nosso querido padre Vilson Groh, para citar uma liderança local - vale muito mais um ateu com boas ações práticas que um religioso de retórica. Escreveu Leonardo Boff que "crer em Deus não é aderir a uma doutrina ou dogma. Crer é uma atitude e um modo de ser".

Há menos de um ano li "Madre Teresa: venha, seja minha luz" escrito pelo padre Brian Kolodiejchuk, que não apenas conviveu com a Madre, mas é também o responsável por seus processos de beatificação e canonização. Recomendo a leitura. O livro revela uma coleção de anotações e cartas que ela escreveu para seus conselheiros espirituais e mostra em profundidade a vida de uma mulher que fez história em nome dos mais necessitados. Poucas pessoas deram mostras tão dignas de elevação espiritual como Madre Teresa, que recolhia moribundos das ruas para que morressem humanamente dentro de uma casa. Viveu para ajudar os outros. Logo na abertura do livro se encontra uma de suas frases mais significativas: "Muito frequentemente me sinto como um pequeno lápis nas Mãos de Deus. Ele escreve, Ele pensa, Ele faz os movimentos. Eu só tenho que ser o lápis".

Apesar disso, uma das surpresas do livro é descobrir que ela própria muitas vezes duvidou da existência de Deus, se sentiu sozinha e desamparada - o que não a impediu de continuar seu trabalho. A Santa, canonizada em 2016, também tinha suas crises de fé. Afinal, era um ser humano. Outra frase que merece destaque: "Estarei continuamente ausente do Céu - para acender a luz daqueles que se encontram na escuridão na terra".
As anotações de Madre Teresa nos mostram que Deus não pode estar fora de valores como a caridade, o amor e a compaixão. Estar ausente do céu é estar presente na Terra. Ser o lápis é fazer na prática o que está nas escrituras. É com ações práticas que o bem se realiza. Pessoas como ela, ou como os nossos queridos catarinenses Zilda Arns e Padre Vilson Groh nos ensinam pelo exemplo e formam verdadeiras correntes de solidariedade - com resultados muito mais concretos que os de muitos governos.

Ainda essa semana assisti um especial sobre as crianças sitiadas na Síria que passam fome, comem folhas de árvores na tentativa de sobreviver. Em tantos outros lugares do mundo ou mesmo aqui, no Brasil, crianças ainda morrem de fome. Inadmissível! Se pensarmos em tudo o que fazemos por nossos filhos, para que nada lhes falte... são todas crianças, todas iguais. E só quem está lá por elas são os poucos Vilsons, Zildas e Teresas, abnegados que abrem mão das próprias vidas para dar algum conforto aos mais pobres dos pobres.

Nos tempos atuais temos visto muito marketing religioso, muitas novas religiões. Mas é o trabalho silencioso que mais produz frutos. Não precisamos de rótulos para agir. E muito menos de publicidade sobre o bem realizado. O que mínimo que podemos fazer é apoiar quem pratica o bem no dia a dia. Em cada bairro, em cada conselho comunitário, podemos encontrar essas pessoas especiais. Que elas possam contar muito mais com nossa ajuda que com nossos julgamentos religiosos para continuar fazendo o bem.

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