Em quase dez anos na administração pública ouvi muitas vezes expressões como "sempre foi assim", "em time que está ganhando não se mexe", "isso não dá pra fazer". Graças a Deus não sou conformista e encontrei por este caminho muitos como eu. Vivi as duas situações na prática inúmeras vezes: de um lado, pessoas boicotando projetos totalmente viáveis e outras dando seu melhor para transformar um bom projeto realidade.

Claro que existem limitações - geralmente ainda maiores na administração pública. Mas quase sempre é possível fazer melhor. O mínimo que nos cabe é tentar. Se não for o melhor do mundo, que seja o melhor possível. Exemplos bem sucedidos não faltam, e eles precisam ser reconhecidos.
O portal de transparência do Poder Executivo, por exemplo. Chegou a ser o segundo melhor do país. Mas por que não ser o melhor? Graças a uma equipe obstinada, o ambiente virtual sofreu melhorias radicais para atender de forma mais direta ao cidadão.

O mesmo acontece com o balanço do Estado, um documento obrigatório que, se fosse somente seguir o que manda a lei, seria mais um longo e enfadonho relatório numérico. Mas a cada ano ele é aprimorado e humanizado, ficando assim ao alcance do entendimento de muito mais pessoas.

A nossa dívida pública é outro case: nunca esteve entre as maiores. Mas foi graças ao empenho da equipe catarinense que se encontrou uma discrepância que acabou beneficiando todo o conjunto dos estados. E assim ocorreu também com a reforma da previdência, um verdadeiro tabu quando se começou a tratar do assunto. Mas os especialistas estudaram, calcularam e acabamos por colocar em prática uma reforma que já dá resultados e é modelo nacional.

Nossa fiscalização tributária já é uma das mais inovadoras do Brasil, com grupos especialistas setoriais que monitoram cada segmento e apostam muito mais em orientação que em punição. Mas isso não basta. O time de auditores fiscais está mobilizado não só para bater as próprias metas, mas para redesenhar alguns desses grupos, dando-lhes maior abrangência.

E para que o foco não fique só na receita, temos iniciativas pioneiras no controle da despesa, como o projeto Auditoria Cidadã, em que são verificados presencialmente os serviços prestados pelo próprio Governo.

Nos bastidores, nossa área administrativa, merecidamente obteve financiamentos de forma pioneira por parte de programas de incentivo à gestão fiscal, que têm permitido manter e atualizar uma das estruturas fazendárias mais modernas do país, além de capacitar permanentemente o nosso quadro funcional.

São pouquíssimos exemplos do muito que vem sendo feito em termos de quebra de paradigmas. Tudo isso acontece e mantém o Estado funcionando de forma diferenciada porque por trás de sistemas de ponta estão pessoas que não se contentam com o ordinário e têm perfeita noção de que o cliente do governo é o contribuinte.

Ao líder de uma organização como a Secretaria da Fazenda, o papel tem que ser o de motivar, abrir caminhos e, especialmente, não atrapalhar. Talvez nem sempre consigamos atingir aquilo que num primeiro momento foi imaginado. Mas como disse Sheryl Sandberg chefe operacional do Facebook e autora do livro Faça Acontecer - feito é melhor que perfeito.