A mensagem mais importante

A mensagem mais importante

Atualmente os smartphones concentram boa parte dos nossos compromissos, contatos e informações. Para quem é habituado a consultar frequentemente o aparelho, como eu, o trânsito nem sempre impede de dar uma olhada naquela mensagem que pula no visor, especialmente quando se está em uma fila ou no sinal fechado. Parece um gesto inofensivo, ajuda até a passar o tempo de espera. Mas não é. Acidentes acontecem, e sou testemunha disso.

Dia desses, sinal fechado, não resisti ao impulso de dar aquela olhada na tela. O sinal abriu, larguei o aparelho, dei partida sem muita atenção e acabei esbarrando no carro da frente. Felizmente não houve nenhum dano físico, mas poderia ter sido bem diferente. Serviu de lição e despertou minha reflexão sobre o assunto.

No mínimo eu poderia ter sido multado em R$ 293,47 e perdido sete pontos na carteira de habilitação, já que, desde novembro de 2016, usar o celular no trânsito pode render multa. Eu poderia ter me machucado. Poderia ter machucado os ocupantes do outro carro. Poderia ter atropelado alguém. Minha vida poderia ter mudado ali por conta de uma mensagem que nem lembro qual era.

Depois do ocorrido, lendo sobre o assunto, descobri que, ao desviar o olhar para ler uma mensagem no aparelho, o motorista perde cerca de cinco segundos de atenção - e isso equivale a percorrer um campo de futebol inteiro a 80km/h sem ver o que está acontecendo.

Não há um número conhecido de acidentes causados pelo uso do celular no trânsito - até porque não é humanamente possível fiscalizar todos os condutores e não existe radar ou dispositivo que detecte se o motorista está usando o aparelho. Nem mesmo exame posterior que detecte se houve a infração. Mas a

Associação Brasileira de Medicina de Tráfego estima que o uso de tecnologias ao volante seja a quarta maior causa de acidentes do mundo, atrás somente de excesso de velocidade, consumo de álcool ou drogas e fadiga. Mesmo os veículos com dispositivo viva-voz tiram a atenção do condutor. Segundo pesquisas realizadas pela Universidade de Utah, nos Estados Unidos, falar ao telefone, mandar ou receber mensagens pode aumentar em 400% o risco de acidentes. Ou seja: celular e direção é uma mistura tão nociva quanto conduzir um veículo alcoolizado. Por mais potente e multitarefas que seja o nosso cérebro, a capacidade de processamento é limitada quando executamos mais de uma atividade importante ao mesmo tempo. O risco de que haja falha em uma delas aumenta sensivelmente, já que o tempo de resposta diminui.

E aí nós, seres humanos, que brilhantemente desenvolvemos tecnologias para facilitar a comunicação, nos vemos criando dispositivos para nos educarmos no uso delas. Há alguns meses, surgiu um aplicativo para um sistema operacional de celulares que bloqueia chamadas e mensagens assim que o motorista dá a partida no carro. Se durante o deslocamento alguém fizer contato, receberá uma mensagem de volta dizendo que o dono do aparelho está dirigindo e não pode atender. É uma forma de se autofiscalizar e não cair na tentação. Paradoxal, mas não deixa de ser interessante.

De qualquer maneira, a melhor prevenção é a conscientização. Eu precisei de um pequeno incidente para despertar para o perigo. Não esperarei um segundo para mudar de hábito. A mensagem mais importante é da vida.

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