A força da família

A força da família

Por recomendação de alguns amigos, resolvi assistir ao filme "Lion _ uma jornada para casa", que conta a história de um menino pobre, que aos cinco anos se perde da família na Índia e, após muitas desventuras, é adotado por um casal da Austrália. Aos quase 30 anos, ele começa a relembrar flashes da infância e se desespera ao imaginar que sua mãe e irmão o estão procurando há mais de vinte anos. Começa aí uma busca por suas origens.

Além da excelente direção e das atuações primorosas, o filme merece ser visto pela mensagem positiva que passa. Apesar do sofrimento intenso vivido pelo protagonista na primeira infância, a história ressalta a importância da família, seja ela construída por laços de sangue ou de amor. Em Lion, a mãe que recebe o menino aos cinco anos não tem problemas de fertilidade, o faz por opção consciente, em total acordo com o marido. A adoção não é um plano B nem um prêmio de consolação, mas uma escolha de formar uma família _ depois aumentada com a chegada de outro menino, também indiano. "Já existem muitas crianças no mundo precisando de ajuda", ela diz em certa passagem. Mais tarde, em outra atitude altruísta, a mãe adotiva apoia o filho na busca pela mãe biológica. O filme é baseado em uma história real e retrata o sonho de muitos em constituir família.

Em Santa Catarina esse é o desejo de aproximadamente três mil pessoas inscritas no Cadastro Único Informatizado de Adoção e Abrigo (Cuida). Porém, diferente do filme, as exigências são muitas: cerca de 80% querem um bebê recém-nascido ou com menos de três anos, saudável, sem irmãos, de etnia branca e que seja menina. Ocorre que a imensa maioria das crianças aptas à adoção não se encaixa nesse perfil. Esse desencontro faz com que elas permaneçam ainda mais tempo nos abrigos. Campanhas como a Adoção, Laços de Amor, encampada pela Assembleia Legislativa de SC em 2014, buscam desconstruir essas exigências e mostrar que as famílias se formam quase instantaneamente quando há amor.

Quem busca uma família - sejam os pais ou os filhos - deve dar oportunidades para que ela se forme. No meu convívio, tenho exemplos muito próximos de adoções bem sucedidas. Na minha família são três sobrinhos, acolhidos em datas e situações diferentes, mas totalmente integrados. Lembro ainda o caso de uma colega de trabalho que, após dois anos na fila para adotar uma menina, foi chamada para uma entrevista na Vara da Infância com o marido. Lá, foram informados de que havia uma menina de quase cinco anos apta a ser filha deles, mas que junto levaria um irmãozinho um ano mais novo. Surpresos e ansiosos, ficaram de dar a resposta no dia seguinte, e ela veio até mim pedir uma opinião. "Nem pense: aceite. Isso é uma bênção", foi o que respondi. Quase três anos depois, não restam dúvidas de que foi a decisão certa.

A vida, como no filme, traça caminhos improváveis para que as pessoas se encontrem. E sou da opinião de que, quando é para ser, não se deve hesitar. Todas as famílias têm e sempre terão seus problemas. Mas não é absolutamente a origem de cada um que vai definir isso. Basta ver nas famílias biológicas as diferenças gritantes entre irmãos criados nas mesmas condições. É preciso abrir o coração e aceitar os presentes que a vida tem para dar. Felicidade não combina com preconceito.

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