Número de homicídios volta a crescer no Brasil

'Atlas da Violência' revela que mais de 500 mil pessoas foram assassinadas de 2006 a 2016

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De cada 100 mil habitantes no Brasil, mais de 30 tiveram sua vida interrompida de maneira violenta. Essa é a realidade de um país que se acostumou a conviver com todo o tipo de crime. Uma tragédia diária sem precedentes no Brasil. O "Atlas da Violência", um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revela, em seu último estudo, divulgado no início dessa semana, que em 2016 o país atingiu a histórica marca de 62.517 homicídios. É como se toda a população de Gaspar fosse dizimada. Para se ter ideia, o número de assassinatos no Brasil é 30 vezes maior que em toda a Europa. De 2006 a 2016, 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional no Brasil. A guerra civil e religiosa na Síria, uma das mais sangrentas deste século, já teria matado 500 mil pessoas, segundo o Portal G1. A violência no Brasil é, portanto, uma guerra urbana silenciosa. 

O estudo mostra ainda que a violência atinge, prioritariamente, as regiões menos desenvolvidas do país, o Norte e Nordeste. Em Sergipe, a taxa de homicídios chega a ser o dobro da média nacional: 64,7 assassinatos para cada 100 mil habitantes. Outros estados tiveram um crescimento acentuado do número de homicídios em relação ao levantamento anterior. No Rio Grande do Norte, o aumento foi de 256,9%. 

Os jovens continuam engrossando as estatísticas de mortes. De acordo com o levantamento, o óbito por assassinato é causa de 56,5% de mortes de homens entre 15 e 19 anos. A juventude perdida é considerada um problema de primeira importância no caminho do desenvolvimento social do país e que vem aumentando numa velocidade maior nos estados do Norte. Em 2016, 33.590 jovens foram assassinados - aumento de 7,4% em relação a 2015 -, sendo 94,6% do sexo masculino. Houve crescimento na quantidade de jovens assassinados em 20 Unidades da Federação no ano de 2016, com destaque para Acre (aumento de 84,8%) e Amapá (41,2%), seguidos por Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Roraima. .

No caso da violência contra a mulher a situação também é preocupante. O Atlas da Violência mostra que, para cada 100 mil mulheres, 4,5 são assassinadas. De 2016 até esse ano, houve um crescimento de 6,4% no número de casos de homicídios de mulheres. No último ano analisado, ocorreram 4.645 homicídios em que a vítima era do sexo feminino. A situação é mais grave em Roraima, que apresentou uma taxa de 10 homicídios por 100 mil mulheres. Em 20 Unidades da Federação, a violência letal contra mulheres negras cresceu no período estudado, e os piores desempenhos ocorreram em Goiás e no Pará.

A edição deste ano do Atlas da Violência também aborda os registros administrativos de estupro no Brasil. Em 2016, as polícias brasileiras registraram 49.497 casos de estupro, conforme informações do 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O número contrasta com os 22.918 incidentes desse tipo reportados no Sistema Único de Saúde. De acordo com a pesquisa, certamente as duas bases de informação possuem uma grande subnotificação. A pesquisa do IPEA traz ainda alguns gráficos que ilustram o crescimento e a diminuição de mortes de mulheres em alguns estados do Brasil. 

Santa Catarina

De 2006 a 2016, 9.010 pessoas foram vítimas de homicídio em Santa Catarina - somente em 2016, quase mil pessoas foram assassinadas no Estado. Deste número, a metade são jovens com idades entre 15 e 29 anos - crescimento de 7,5% em relação a 2015.

O gráfico  mostra ainda os estados com menores taxas registradas em 2016. São Paulo (2,2), Piauí (3,0) e Santa Catarina (3,1). Como é possível ver no gráfico, Santa Catarina teve um aumento de 3,5% , o que indica estabilidade se comparado aos últimos dez anos. Na maioria dos casos antes de haver o assassinato, a mulher é vítima de outros tipos de violência (psicológica, física, sexual).