O lúdico e a inclusão da criança com autismo

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     Considerando-se que o autismo infantil é uma síndrome definida a partir de características comportamentais que compõe o quadro diagnóstico marcadas pelo isolamento, distúrbios na linguagem verbal e não verbal, atraso na aquisição da fala , capacidade simbólica limitada e resistência as mudanças, estudos desenvolvidos revelam a importância do lúdico para o desenvolvimento favorecendo a aprendizagem e relações, bem como a linguagem de crianças autistas.
          A inclusão de um aluno portador de autismo representa, para os profissionais da educação um grande desafio. Muitas vezes a falta de conhecimento sobre essa síndrome, faz com que o professor percorra caminhos a serem descobertos e incertos sobre uma melhor forma de ensinar essas crianças.
          Mediar o contato com as diversas situações educativas é uma tentativa de inserir na cultura escolar favorecendo a criança a se apropriar dos materiais e instrumentos para sua interação com o meio e com os outros processos não como treino de ações e hábitos, mas pela apropriação cultural que implica se perceber como sujeito em um dado espaço e realizar nesse espaço aprendizagens mais elaboradas.
         A brincadeira além de possibilitar ganhos no desenvolvimento que lhe são próprias, proporciona um rico espaço de circulação social de linguagem e uso de instrumentos sendo importante para a construção dos sujeitos. É importante que o adulto seja mediador favorecendo que a situação de brincar se constitua como espaço para a experimentação em que as situações coletivas, o brincar com as outras crianças favoreçam ao rompimento de algumas limitações que o diagnóstico de Autismo coloca como a impossibilidade do brincar para as crianças com esta síndrome.
         Conforme Vigotski(2007), o brincar cria uma zona de desenvolvimento proximal, ao possibilitar à criança se comportar de modo diferente do habitual de sua idade, além de seu comportamento diário, favorecendo a criança com Autismo a sair das interações restritas com os objetos, ao propor novas formas de interagir com eles de acordo com a brincadeira.
         Ao brincar as crianças autistas e as demais colocam em prática suas vivências de seu dia a dia como também tem contato, troca de informações através da socialização com o outro, brincar espontaneamente ou com regras mostra características de liberdade, diversão e ao mesmo tempo prazer, onde a criança entra nas brincadeiras de forma que possa usufruir novas vivências e experiências.
        O lúdico e a brincadeira constituem-se de uma estratégia importante para o desenvolvimento e aprendizagem, pois além de contribuir na aprendizagem dos conteúdos escolares, auxilia no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e psicomotor do aluno autista ou não.
        A ludicidade mexe com emoções, produz sentimento de alegria através de jogos e brincadeiras, fazendo com que o aluno autista aprenda a cooperar com seus colegas, seja companheiro e aprenda a se socializar com o meio em que está inserido, através do jogo e também desenvolve seu lado intelectual e afetivo.
         A Educação pela via da ludicidade propõe-se ao aprender brincando, inspirando numa educação que vai além da instrução. Para que isso aconteça é preciso que os profissionais da educação reconhecem o real significado do lúdico para aplicá-lo adequadamente, sabendo diferenciar a relação entre o brincar e o aprender.
Marli Irgang Gonzaga.
Educadora Especial e Psicopedagoga Clinica e Institucional-GASPAR/SC