Sucesso do verão de SC refletido o ano todo

por Vinicius Lummertz - presidente da Embratur

Por

O início do verão não marca apenas o aumento na temperatura e a disputa por espaços nas areias do exuberante litoral catarinense. A alta temporada apresenta progressivo impacto positivo na economia e mostra o poder do turismo como vetor de desenvolvimento no estado. Os números corroboram a forma como o turismo deve ser visto em Santa Catarina: um negócio altamente profícuo.  

São esperados para este verão 2 milhões de turistas latino-americanos, 11% a mais que na temporada anterior. Não há no mundo, seja na esfera corporativa ou na pública, uma indústria que tenha retorno de investimentos tão veloz quanto a atividade turística. Nos próximos três meses, apenas os turistas argentinos, paraguaios, chilenos e uruguaios vão deixar nos 53 setores da economia catarinense que a cadeia produtiva do turismo abrange, o montante de R$ 3,8 bilhões. A arrecadação de impostos neste período também será exponencial. Somente em ICMS, serão R$ 456 milhões para o governo. 

O principal país emissor de turistas para o Brasil e para Santa Catarina, a Argentina, continua fiel e enviará 1,5 milhão de hermanos para apreciar as belezas naturais, a rica cultura, a singular gastronomia e a hospitalidade catarinense. E, claro, deixarão por aqui, além de pegadas nas praias, R$ 2,7 bilhões em divisas.       

Nosso estado também ocupa posição de destaque no cenário nacional. Florianópolis será o segundo principal destino deste verão dos brasileiros, de acordo com o Ministério do Turismo, atrás apenas de São Paulo e à frente do Rio de Janeiro, cidade que personifica o segmento Sol & Praia. Floripa irá concentrar 2,09 milhões de viagens e outro destino turístico do estado, Balneário Camboriú, aparece em nono lugar. 

A onda de otimismo se justifica com a melhoria de infraestrutura, retração nas tarifas aéreas e perspectiva de 80% de ocupação hoteleira no período. O mar revolto da crise entrou em calmaria com a retomada econômica e o aumento do poder aquisitivo dos brasileiros faz com que o setor passe a arrebentação e volte a ser um dos itens na cesta de consumo da população.   

Mas o estado pode e merece mais. Investimentos na promoção internacional da Embratur, qualificação da oferta com novos produtos e pacotes elaborados com maior valor agregado, geram aumento no ticket médio e impulsionam a contribuição do turismo na economia do estado. 

Por que não estender essas benesses para o ano todo? Se competimos com destinos icônicos, não devemos temer desafios maiores e não podemos ficar restritos ao verão. O aspecto sazonal, típico do setor, deve ser combatido de forma destemida. 

Florianópolis é a principal porta de entrada, mas os turistas se distribuem pela região serrana para degustar vinhos, no Vale Europeu têm contato com a herança dos colonizadores e podem visitar os parques naturais, hoje subaproveitados. Existem caminhos para os turistas trilharem e essa interiorização do turismo é fundamental para gerar recursos o ano todo. 

Neste cenário ressurge o Turismo de Eventos, explorado de forma incipiente no estado. A aposta do MTur é o novo Centro de Convenções de Balneário Camboriú. Uma obra que mostra a atenção do destino para esse nicho. Um exemplo que ilustra esse segmento é Las Vegas, que atualmente lucra mais com eventos do que com o jogo nos cassinos.  

É preciso jogar luz sob um dos nossos maiores potenciais naturais: o mar. Um exemplo será a realização da Volvo Ocean Race, considerada a Fórmula 1 dos mares, em Itajaí, única parada da prova na América do Sul. A estimativa é que turistas internacionais deixem R$ 100 milhões na região. 

É hora de planejar para gerar mais resultados com a criação de um grande calendário anual de eventos, como tão bem o fez a cidade do Rio de Janeiro. Para isso, é imperativa uma gestão integrada entre estados e municípios. O ano de 2018 será decisivo, mediante uma possível mudança no campo político, após pleito de outubro. O novo governador do estado deverá fazer com que o tema turismo migre da periferia para o centro da agenda política do estado e possa contribuir para que os frutos anuais da principal estação se estendam por todo o ano.