O trem da alegria
Definitivamente devem existir dois Brasis. O da saúde, da educação, da segurança e do transporte sucateados. Da enorme fila de desempregados, dos salários congelados, da alta dos preços, da falta de habitação e do transporte precário. O outro Brasil, que poucos têm acesso, é o dos privilégios, onde a tudo se permite, desde que pago com dinheiro público, aquele que tem origem nos pesados impostos que todos nós pagamos.
Se não vivêssemos duas realidades tão equidistantes, teria sido arquivado o projeto de lei, agora aprovado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, que cria 462 cargos a serem preenchidos sem concurso público no Poder Judiciário. A proposta vai onerar em R$ 60 milhões a folha de pagamento do TJ-SC. Diversas entidades classisitas têm se manifestado contra esse verdadeiro "trem da alegria". A decisão, desde o início da semana, está nas mãos do desembargador Rodrigo Collaço, que assumiu interinamente o governo do estado. É dele a assinatura definitiva, que vai sancionar ou não o projeto de lei. Nem precisaria, diante da atual conjuntura econômica do país, questionar o motivo da criação desses cargos. O apelo de veto é pelo simples fato de que o déficit financeiro do Estado chegou ao seu limite. Existem demandas urgentes, paradas nas secretarias de estado, por falta de verbas. Portanto, o bom senso manda vetar o inoportuno projeto.