Brick defende mais planejamento para Gaspar

Vereador do PSD foi o segundo entrevistado do Jornal Metas, na série com os pré-candidatos a prefeito de Gaspar

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Brick diz que Gaspar não pode mais ser pensada com uma ilha isolada

VEREADOR EM primeiro mandato, ex-diretor de Controle Interno da Prefeitura de Blumenau e presidente da Câmara de Vereadores em 2014. Marcelo Brick (PSD) quer levar o PSD ao governo de Gaspar pela primeira vez. Segundo entrevistado pelos jornalistas Alexandre Melo e Giovanni Ramos, do Jornal Metas, Brick falou na condição de pré-candidato. Confira, abaixo:

Alexandre Melo: Como o pré-candidato imagina Gaspar nos próximos quatro anos e qual será a prioridade ao assumir a Prefeitura?
Marcelo Brick: Visualizo Gaspar com muito planejamento. Gaspar, ao longo de sua história, cresceu de uma maneira desordenada. Uma preocupação que nós tivemos é de planejar a cidade pelos próximos 30 anos.  Naturalmente que todo esse planejamento requer também ações a curto prazo, sem esquecer do cotidiano das pessoas, das características de cada bairro, aonde é que precisa uma unidade de saúde, aonde precisa um transporte público, que precisa ser mais eficiente, aonde a farmácia básica tem que funcionar, a saúde, a educação assim por diante. Mas nós vislumbramos uma cidade voltada para o progresso, para o futuro.

Giovanni Ramos: O senhor está completando um mandato de vereador no final desse ano. Considera esse mandato suficiente para assumir a Prefeitura de Gaspar?
Brick: Eu considero que essa experiência soma com outras experiências que eu já tive. Eu não nasci na política, eu venho da iniciativa privada e foi lá que a minha preparação começou. É evidente que teve o período acadêmico, na faculdade de Direito e depois na pós-gradução em gestão pública. Eu trabalhei no controle interno da Prefeitura de Blumenau, depois fui gerente de projetos especiais da Secretaria de Desenvolvimento Regional. 
Eu tive ainda uma experiência de uma semana em Munique na Alemanha (em 2015). Junto com o prefeito de lá conseguimos conhecer a gestão pública. A cidade hoje é referência para toda a Europa quanto a gestão pública eficiente. E a vereança veio então para corroborar com isso. A experiência legislativa dá um embasamento muito bom para aquele que quer ir para o Executivo.

Melo: O senhor sendo prefeito terá como aliado o governador Raimundo Colombo que é do seu partido. Quais as prioridades que você vê hoje que poderiam ser implantadas pelo governo do estado em Gaspar e re região?
Brick: Não podemos mais pensar Gaspar como uma ilha isolada. Nós precisamos pensar numa região metropolitana. Não só o prefeito de Gaspar, mas o prefeito de Blumenau, de Ilhota e de outras cidades vizinhas. Então eu parto do princípio que antes de ter o governador do lado, um deputado atuante, é preciso que tenha esse compromisso de todos os prefeitos, principalmente de Blumenau que é a cidade que está capitaneando.

Mas ter um governador do mesmo partido, onde a gente tenha um acesso muito melhor, hoje por exemplo, nós não temos um contato da atual administração municipal com o governo do estado. É mais uma cobrança que uma parceria. Acredito que sendo eleito é, sim, possível trazer muito mais recursos para o hospital, trabalhamos de forma incansável junto com os outros prefeitos com relação ao anel de contorno, uma obra importante não só para Gaspar, mas para todo o Vale do Itajaí.

Ramos: Nós temos um problema sério na cidade que é a mobilidade urbana, contando que a ponte vai ficar pronta até o final deste ano, qual deve ser a prioridade na mobilidade para os próximos quatro anos?
Brick: A Ponte do Vale, por si só, não vai resolver os problemas do trânsito. É importante que nós pensemos que a mobilidade urbana compreende muito mais coisas que o trânsito. A duplicação da BR-470 é fundamental. O anel de contorno é importante que saia do papel e o município precisa fazer a sua parte. Nós temos uma interbairros que está praticamente pronta, ligando o Bela Vista ao Santa Terezinha, já está toda pavimentada, é só melhorá-la. E, acima de tudo, profissionalizar o que nós não temos hoje. O Departamento de Trânsito (Ditran) infelizmente não funciona. 

Temos que trazer um engenheiro de tráfego e planejar a cidade. Onde é que esse trânsito pode ser escoado? Quais as vias que podem ser abertas? Quais são as obras estruturantes de maior impacto que precisam ser feitas no município? É preciso mudar o trânsito? Tudo isso por meio de estudos e de um engenheiro de tráfego que vai nos auxiliar.

Melo: O Hospital de Gaspar está há dois anos sob intervenção do município. O que o senhor pretende fazer, caso seja eleito? Vai manter essa intervenção?
Brick: Primeira coisa: as unidades de saúde precisam fazer o seu papel. Hoje, todas as unidades não cumprem com aquilo que é o seu dever. Por exemplo, o cidadão comum, que vai até o posto de saúde, precisa ser, no mínimo, diagnosticado, precisa ter o remédio e precisa ter o médico. Hoje, muitas vezes isso não acontece. Feita essa triagem, aí sim o hospital faz o seu trabalho, que é a urgência e a emergência. Nós acreditamos que municipalizar não é o caminho. Precisamos fazer com que o hospital seja viável para a cidade. É impossível uma cidade com 64 mil habitantes não ter um sistema de saúde funcionando. O poder público precisa ser parceiro do hospital, viabilizando aquilo que compete ao município, ajudando a trazer recursos do estado e fazendo com que funcione em conjunto com as unidades de saúde. 

Mas, com certeza, a municipalização não é o caminho. Nós temos um problema de arrecadação, uma crise que está assolando todos os municípios do país. É importante que o próximo prefeito tenha responsabilidade com o que vai propor.

Ramos: O pré-candidato falou no começo que visitou Munique. As experiências adotadas na cidade alemã podem ser aplicadas por aqui?
Brick: A gente pode ter como base, aplicada não. Até porque, a maturidade política da Europa, de Munique, onde eu visitei especificamente, está muito além da maturidade política nossa. Lá, eles têm uma sociedade consciente do seu papel, que não aceita em hipótese alguma a corrupção.

O que nós podemos trazer de lá são ideias. Munique teve um grande "boom" nas Olimpíadas nos anos 70 onde eles queriam resgatar a autoestima do povo alemão pós-segunda guerra. Os jogos foram o grande chamariz para os recursos públicos virem e a cidade fazer o que precisava. O sistema viário é referência para a Europa inteira. É preferível andar de metrô e transporte público do que de carro. Lá, se usa muito a bicicleta.