Professora e auxiliar são denunciadas por maus-tratos a crianças em creche

Polícia Civil e Ministério Público analisaram cerca de 100 vídeos para formalizar a denúncia

Por Alexandre Melo

Imagem meramente ilustrativa

Imagens de agressões em uma creche municipal levaram a Polícia Civil e Ministério Pública a uma investigação e denúncia formal contra uma professora e uma auxiliar de educação infantial de uma creche municipal da cidade de Rio do Campo, localizada no Alto Vale do Itajaí.

Ao todo, foram cerca de cem vídeos analisados e mais de cinquenta fatos registrados de maus-tratos, todos cometidos contra crianças de 2 e 3 anos de idade. As imagens que embasam a acusação foram gravadas entre março e abril e mostram tapas e empurrões nas crianças. Assim que o caso veio à tona, a Polícia Civil e o Ministério Público de Santa Catarina iniciaram uma ação conjunta para esclarecer os fatos e buscar o afastamento das duas servidoras. O pedido, inicialmente negado pela Justiça de primeiro grau, foi reavaliado após a apresentação de um recurso com caráter de urgência. Com isso, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, ao acolher o pedido urgente formulado pelo Ministério Público, determinou o afastamento cautelar da professora e da auxiliar de turma até que todos os fatos possam ser esclarecidos.

Após analisar as cenas das câmeras de segurança da creche instaladas de forma ostensiva pela própria instituição, a Promotoria de Justiça da Comarca de Rio do Campo identificou mais de cinquenta registros que revelam comportamentos reiterados de violência, com puxões, tapas, empurrões e arremessos de crianças contra colchonetes — atos praticados sob o pretexto de correção ou disciplina.

“As imagens são gravíssimas e demonstram condutas absolutamente incompatíveis com o nível do magistério do Município de Rio do Campo”, afirmou o Promotor de Justiça Felipe Lambert de Faria, autor da denúncia.

O MPSC pediu a condenação das rés pelos crimes de maus-tratos, previstos no artigo 136, parágrafo 3º, do Código Penal, e requereu o pagamento de indenização mínima de R$ 10 mil para cada criança vítima, além de R$ 200 mil a título de dano moral coletivo. “A reparação coletiva pretende restaurar o ambiente de proteção e impedir a repetição de abusos, diante de agressões que abalaram a confiança da comunidade na creche e violaram direitos difusos”, complementou o Promotor de Justiça.

Ainda de acordo com o MPSC, as duas servidoras, que atuavam na mesma turma de Creche II, “abusaram da autoridade que exerciam sobre as crianças com uso absolutamente abusivo de violência contra pessoas que sequer tinham capacidade de defesa”. O nome das duas servidores estão sendo mantidos em sigilo.

A Prefeitura de Rio do Campo não se manifestou até o momento, porém, o espaço segue aberto para ampla defesa.

Desde a descoberta dos fatos, pais e responsáveis, apreensivos com os fatos que vitimaram seus filhos, foram acolhidos na Promotoria de Justiça e receberam o compromisso do MPSC com a responsabilização das autoras dos crimes. Depois do oferecimento da denúncia, pais e responsáveis foram contatados pelo Ministério Público para receberem os esclarecimentos devidos sobre os fatos.

“A escola é local de educação, proteção e cuidado. Educar é desafiador e professores devem ser valorizados pela relevância de suas funções. O caso, porém, revela condutas violentas flagrantemente abusivas, que geraram risco real à integridade física e psicológica das crianças. Por isso, o Ministério Público buscará sempre assegurar que a infância seja respeitada e que fatos dessa natureza não se repitam”, reforçou o Promotor de Justiça.

A denúncia foi protocolada nesta quarta-feira (15/10), Dia do Professor — uma coincidência que, para o MPSC, reforça a importância de “reafirmar o verdadeiro significado da docência: educar com empatia, zelo e humanidade”, pontuou o Promotor de Justiça. A denúncia foi recebida pela justiça nesta sexta-feira (17/10).