O empreendedorismo da família Pereira chega aos 50 anos

Uma trajetória de sucesso marcada pela dedicação, resiliência, arrojo e muito trabalho de José Aldo Pereira e família

Por Daniel Nogueira

José Aldo com a esposa Isaura, o filho Hélcio e o neto Jardel

Em 2025, a Sivaldo Sistemas Construtivos completa 50 anos. Mais do que uma data, a empresa celebra meio século de dedicação, resiliência e a paixão de uma família gasparense que ergueu um legado a partir de muito trabalho e união.

Uma trajetória que começou com o patriarca, José Aldo Pereira. Em 1975, movido pela visão empreendedora, ele trocou o emprego estável para abrir o seu próprio negócio. Um início modesto, com escritório na sala da própria casa, no Bairro Coloninha, mas que reunia conhecimento técnico e prático de mais de dez anos atuando no comércio de divisórias e forros acartonados. Foi um passo gigante de fé e de coragem.

Os primeiros anos foram de desafios e superação. “Empreender é um ato de persistência”, diz José Aldo, hoje com 85 anos. Afastado da empresa há quase dez, ele ainda ensina filho e neto a manterem a Sivaldo financeiramente saudável. Hélcio Luiz Pereira e Jardel Pereira seguem à risca os passos do fundador.
José Aldo abriu a empresa em sociedade com o irmão José Sílvio Pereira, daí a ideia de juntar os dois nomes: Sílvio e Aldo, dando origem a Sivaldo. Foram dias de incertezas e de muito trabalho. José Aldo conta que as viagens por Santa Catarina e até para fora do estado eram frequentes, muitas noites mal dormidas e a preocupação permanente de atender a clientela com seriedade, qualidade e competência.

Essa sempre foi a missão da Sivaldo e do seu fundador. A empresa resistiu aos desafios do início e cresceu atenta ao mercado, aprimorando produtos, serviços e investindo em mão de obra qualificada. Esse cuidado permitiu que a Sivaldo se tornasse sinônimo de excelência. José Aldo era o homem das vendas e da instalação, enquanto o irmão e cunhada cuidavam da área financeira. A sociedade durou quatro anos. Já sozinho à frente da Sivaldo, José Aldo teve o apoio da esposa Isaura Constantini Pereira, na época professora na Escola Ivo D’Aquino, para pavimentar o caminho para o crescimento. Foi nesse período que a Sivaldo se tornou uma das primeiras empresas catarinenses a trabalhar com gesso mineral. A fábrica foi montada em um galpão, na Rua José Eberhardt, no Bairro Coloninha. “Esse foi um grande passo para o nosso crescimento”, relembra o empresário.

Enchentes e crises

Tudo ia muito bem até que em 1983, a resiliência de José Aldo e família foi colocada à prova. O depósito da empresa foi atingido pela grande enchente. As perdas foram enormes. O estoque foi a zero, inclusive móveis e ferramentas gerais que a Sivaldo havia passado a comercializar. Em vez de lamentar, José Aldo viu uma oportunidade. Ele foi a Curitiba-PR e comprou uma máquina de lavar carpetes e, por três meses, trabalhou 24 horas por dia em Blumenau, Gaspar e Brusque, limpando casas e comércios atingidos pelas águas, transformando as dificuldades em um novo nicho de mercado. Ele, porém, admite que isso o ajudou a começar a se reerguer, mas foi transitório. José Aldo precisava voltar para o mercado de pisos, forros e divisórias. Uma nova loja foi aberta no centro da cidade e ali a Sivaldo voltou a operar.Em 1987, José Aldo adquiriu uma área na Rua Anfilóquio Nunes Pires, Bairro Figueira, onde construiu a atual sede da empresa.

Os anos 1990 chegaram com novos desafios. A economia instável e o aumento da concorrência quase levaram a Sivaldo a fechar as portas. Mais uma vez, o espírito empreendedor de José Aldo e família apareceu e a empresa se reinventou para retomar o caminho do crescimento. Hoje, a Sivaldo está bem posicionada no mercado, atendendo a clientes de várias cidades do Vale do Itajaí e de outras regiões de Santa Catarina.

União em prol do trabalho

Os filhos Hélcio Luiz Pereira e Gilcemara Cristina Pereira Reinert, a Mara, começaram cedo a trabalhar na empresa. Hélcio iniciou na função de instalador de divisórias, passou por outros departamentos, até se tornar sócio em 1982.

Dona Isaura também trabalhou na Sivaldo, mas por um período curto. Professora, ela tinha o sonho de montar uma escola. Foi atrás e conseguiu realizá-lo. Com a ajuda do marido e filhos, fundou a Escola São Francisco de Assis, atual Colégio Uni.

Com a saída da mãe, Gilcemara assumiu a área financeira, permanecendo por quase 40 anos na função. No ano passado, ela se desligou da empresa para investir em projetos pessoais. Jardel, filho de Hélcio, assumiu a função.

A terceira filha do casal, Milena Maria Pereira, nunca trabalhou na empresa. Ela seguiu os passos da mãe e trabalha na área da educação. Dona Isaura não tem dúvida que a administração familiar da Sivaldo foi decisiva para que a empresa chegasse aos 50 anos.

De pai para filho

Nascido no Bairro Margem Esquerda, José Aldo Pereira é o nono de 11 filhos. Seu pai, José Geronço Pereira, era um dos grandes carpinteiros da cidade, contribuindo para obras históricas como a Igreja São Pedro Apóstolo, Salão Cristo Rei e Sociedade Alvorada.

Os irmãos mais velhos também eram carpinteiros, ajudavam o pai a construir as balsas usadas para a travessia do rio Itajaí-Açu. O jovem José Aldo cresceu neste meio e aprendeu o ofício com o pai, que faleceu cedo, aos 54 anos. Após dar baixa do Exército e passar dois anos trabalhando na marcenaria do irmão, a vida de José Aldo tomou um novo rumo, quando foi admitido na Decoraste, empresa com sede em Blumenau e pioneira na região no segmento de forros, pisos (Paviflex) e divisórias. José Aldo adquiriu conhecimento técnico que o tornaria um especialista no segmento divisórias e forros. Ele percorria o estado vendendo e montando divisórias em casas, indústrias e comércios até que, dez anos depois, montou sua própria empresa.

José Aldo nunca tirou férias e sempre planejou o futuro. “Todo o lucro nós reinvestíamos na empresa”, revela. Ele também passou a comprar terrenos em Gaspar e região. E foi a partir destes negócios que adquiriu a área para a construção da atual sede da empresa, no Bairro Figueira.

Embora os dias fossem sempre muito agitados, José Aldo sempre encontrou tempo para a comunidade. Ele foi presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Gaspar (CDL)DL, numa gestão marcada pela informatização da entidade e criação da ExpoGaspar. José Aldo também fez parte da diretoria do Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e ajudou a fundar a APAE. Aposentado há quase uma década, ele passa a maior parte do tempo em casa, ao lado da esposa, a professora aposentada Isaura Constantini Pereira, com quem está casado há 61 anos. “Ela é meu porto seguro”, admite José Aldo.

A Sivaldo Sistemas Construtivos, chega aos 50 anos forte sob a administração da terceira geração familiar, garantindo que o ciclo de trabalho e empreendedorismo iniciado pelo avô carpinteiro continue dando bons frutos.