A indústria cresce em Ilhota

Embora outras empresas se instalem no município, o ramo da moda íntima e praia continua a ser o mais forte

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Embora já houvesse alguma atividade industrial em engenhos de Ilhota, pode-se dizer que a atividade industrial começou de fato a partir da inauguração da Usati, em no final da década de 1940, no bairro Pedra de Amolar. A indústria têxtil, precisamente o setor da linha íntima e praia - que hoje faz a cidade ser conhecida em todo o país -, surgiu a partir da iniciativa de uma mulher: Maristela Pereira. Ela abriu a primeira empresa do segmento em Ilhota, a Dal Costa.

"Até o final dos anos 80, não havia a moda praia em Ilhota. A Dal Costa foi pioneira. Foi também uma época de mudanças na economia, as grandes empresas demitiram muito, então os trabalhadores que iam para outras cidades passaram a ficar em Ilhota. Algumas passaram a trabalhar na moda praia como empregados. Em alguns anos, aprendiam o ofício e muitos deles abriram suas próprias lojas no mesmo segmento", conta o secretário de Indústria e Comércio, Odir Pereira, o Zezinho. Hoje, de acordo com ele, já são mais de 100 empresas de moda íntima e praia em Ilhota.

No entanto, a indústria em Ilhota se diversifica e empresas de muitos outros setores se instalaram na cidade. Entre elas, estão três grandes empresas que nada tem a ver com a moda íntima. A maior empregadora do município hoje é a Malharia Cristina que, segundo o secretário, tem mais de cem pessoas em seu quadro de funcionários. As outras grandes empregadoras são a Bom Peixe, empresa de beneficiamento de peixes, e a Descarpack, que fabrica descartáveis para a área de saúde - ele calcula que cada uma destas empregue em torno de 70 pessoas. "A secretaria está tentando agora fazer um levantamento das maiores indústrias para saber quanto cada uma contribui para o município. De fato, o setor que mais gera emprego ainda é o de moda praia e íntima", revela o secretário.

Ele percebe hoje dois fatores que impedem que Ilhota tenha o crescimento de acordo com sua capacidade: a informalidade e a falta de mão de obra, tanto a especializada quando a sem especialização. "Tentamos fazer um trabalho de orientação com os empresários, pedindo para eles não darem trabalho a quem está informal. Às vezes, a pessoa coloca duas máquinas em um quartinho e de lá tira a sua renda. Então incentivamos que esta pessoa se registre como Micro Empreendedor Individual (MEI), para que ela tenha direitos assegurados e não crie um vínculo empregatício com quem ela presta serviço", destaca.

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Entidade trabalha em prol do empresariado

Outra entidade de trabalha dando ênfase ao fim da informalidade é a Associação Comercial e Empresarial de Ilhota, ACE-IL. "O MEI foi criado para atender às necessidades de quem não tem condições de abrir uma empresa grande. Ele é muito bom nesta questão, traz muitos benefícios, o que falta ainda é um pouco de flexibilidade por parte do poder público em alguns pontos, como o alvará sanitário, por exemplo", ressalta a presidente da entidade, Maria Liliane Ferracioli.

Ela calcula que Ilhota tenha aproximadamente 300 empresas, sendo que apenas 65 delas são associadas a entidade, um número muito baixo. "O que falta é acreditarem mais na associação comercial. Os empresários querem ter autonomia, deixam de participar das ações da entidade e perdem com isso", afirma Liliane. Entre as ações, a presidente ressalta a parceria com o Sebrae que traz qualificação ao empresariado. No ano passado, o programa "Nova Economia", do Sebrae, chegou ao município e teve uma boa adesão entre os empresários. Por meio dele, foi possível fazer um diagnóstico das empresas e ainda criar uma identidade visual do polo de moda íntima e praia, com a produção de uma logo. Neste ano, é a vez do "Moda Catarina", que trará uma grande contribuição e irá se alongar até o próximo ano. De acordo com a entidade, o Moda Catarina só foi possível devido ao programa do ano passado. "As empresas poderão se qualificar em diversos departamentos, como o financeiro, o atendimento e a gestão. É uma boa oportunidade", destaca Liliane. Ela explica que cada empresa terá a equipe do Sebrae disponível por algumas horas para uma consultoria na área em que houver necessidade. Ilhota é a primeira cidade de Santa Catarina e ser contemplada com este projeto que qualificará 30 micro e pequenas empresas.

Dentro deste projeto, estão ainda outras ações. Uma delas é o lançamento da coleção de moda íntima e praia em julho deste ano e outra é a organização de uma feira no ano que vem, em moldes diferentes da antiga Delamip. "Temos também a pretensão de criar selos próprios que garantam às pessoas que a peça comprada foi fabricada no polo de Ilhota. Fomos ao Moda Brasil no ano passado e posso dizer que as peças de Ilhota dão um banho na que vinho, pois são muito bonitas e de qualidade", comenta. Liliane percebe que os empresários sabem destas características de seus produtos, tanto que investem nas lojas e marketing para valorizar seu produto.

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Setor de lingerie e moda praia continua a crescer

Na Mardu, as vitrines agora dão mais destaque às roupas fitness - mais uma linha em que os empresários de Ilhota estão apostando -, devido ao clima de inverno. Em poucos meses, elas voltarão a estar cheias de biquínis, prontas para atrair os turistas que passam pela cidade no verão. De acordo com Mariana Oliveira, gerente da Mardu, há um crescimento de 30 a 40% a cada ano nas vendas - o setor se mostra forte no município. "Vejo que ao mesmo tempo que abrem novas lojas, muitas também fecham, geralmente lojas menores que não tem muita estrutura. Se a empresa tem uma boa estrutura, não vejo porque não arriscar", opina. Ela acredita que hoje a cidade é mais conhecida por seu potencial no segmento e acredita que este crescimento aconteceu devido ao esforço dos empresários.

"A infraestrutura da cidade é precária, tanto as ruas, como calçadas e limpeza. Quem a deixou mais bonita foram os empresários, que investiram e fizeram lojas mais bonitas e atrativas", afirma. Mariana comenta que, devido a forte concorrência entre as lojas, o empresariado não é unido em Ilhota. Ela comenta que já houve tentativas que fazer com que houvesse uma maior união, mas ela acredita que isso só acontecerá quando houver um projeto que faça o esforço coletivo valer a pena. A gerente acredita que ainda falta apoio da prefeitura para que a cidade se torne mais conhecida. "Sempre foi assim, mas hoje seria melhor tornar a cidade mais conhecida devido ao movimento de pessoas, que já é bom, mas pode melhorar. Este é o melhor momento para fazer com que Ilhota seja conhecida. Sabemos que o custo é alto, mas se cada um fizer a sua parte, é possível", ressalta.

A presidente da ACE-IL, Maria Liliane Ferracioli, também afirma que o setor continua a crescer e agora oferece ainda mais uma opção de produtos com o investimento recente na linha fitness. Calculo que tivemos um crescimento de 30% nos últimos cinco anos. Ilhota também cresceu muito em outros setores, como supermercadista, industrial e na produção de móveis rústicos. Há empresas procurando a cidade e isso porque a força da indústria chamou atenção e também porque Ilhota tem uma boa localização para logística", comenta Liliane. Ela percebe que os empresários estão muito animados com o crescimento da cidade, no entanto, ainda falta mão de obra e há a necessidade de reurbanizar o centro da cidade para o tornar atrativo. "A partir do momento em que tivemos um novo conceito para o centro, restaurantes e outros empreendimentos surgirão. Para a cidade, falta ainda um centro de eventos, em que se pode organizar ações como a feira de moda íntima e praia programada para o ano que vem, por exemplo".