CPMF: uma necessidade desnecessária

Por

A situação tributária brasileira, se soubermos olhar, não precisa ser ampliada mas deve ser, isto sim, explicada à sociedade, como um todo. O que é feito com os recursos arrecadados dos 92 impostos que compõem a carteira de arrecadação dos governos federal, estadual e municipal, em todo o país?
Vir a público e anunciar que é necessário uma maior participação da população na contribuição financeira, para o financiamento do bem-estar social da população, sem explicar o que está sendo feito com os recursos arrecadados, e isto ser concedido, é um estimulo aos responsáveis pela condução orçamentária e financeira do país a gastar de forma despreocupada com a origem dos recursos auferidos, para garantir a estabilidade financeira do país. Nesse sentido se faz presente uma pergunta que naturalmente surge no sentido de justificar a imposição da necessidade dessa forma de coletar mais recursos financeiros: Quem ou o quê desestabilizou as finanças do país, no patamar apresentado, uma vez que não temos ou sustentamos guerras, vulcões em erupção que tenham entrado em atividade ou qualquer outra tragédia natural que tenha se abatido sobre o país sem que nos fosse dado a possibilidade ou oportunidade de defesa ou de preparação para receber o infortúnio acolhido.  
A Constituição Federal de 1988 em seu Art. 145, trata do Sistema Tributário Nacional, determinando ali o que temos e como devemos pagar para a manutenção do estado. 
Uma das contribuições mais abrangentes no cenário de horrores das contribuições financeiras à manutenção do padrão de insatisfações sociais no Brasil é o que determina o Art. 195 da Constituição Federal que visa ao financiamento da Seguridade Social que estabelece textualmente o seguinte: " A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, na forma da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e das seguintes contribuições sociais, sobre: Empregador, Folha de Salário, a receita ou faturamento, o lucro, dos empregados e demais segurados da previdência social...".
Sem tecer considerações  sobre as outras formas de contribuição financeira à União, Estados,  Municípios e Distrito Federal, seria importante que as autoridades responsáveis pela condução dos destinos do país viessem a publico explicar, à nação, de que doença sofre o país e o porquê de uma necessidade tão intensa  de um aporte financeiro extra para nos livrar de uma catástrofe que parece corroer tudo o que conquistamos de forma tão trabalhosa e com sacrifícios sociais tão intensos como os que a população vem sendo submetida.
Com circunstancias como as mais altas taxas de juros do planeta, uma carga tributária rara no contexto dos impostos da sociedade universal, uma qualidade de prestação de serviços públicos que dispensa qualquer consideração vem, naturalmente, a seguinte pergunta:  o que nos garante que ao ceder a esta solicitação de carrear mais recursos financeiro para os cofres famintos do governo atual estaremos contribuindo para um equilíbrio das finanças públicas do país de forma a que alguma coisa venha realmente a nos proporcionar um alento social sobre toda a carga de mal-estar a que todos estamos expostos? Devemos nos comover com os discursos vindos de quem não parece ter o menor apreço por toda a carga de preção e desconforto que enfrentamos no dia-a-dia nacional?