Depois da prisão de Ex-prefeito de Ilhota, empresa se manifesta em nota oficial

Daniel Bosi é suspeito de participar de um esquema de fraude de seguro de aluguéis

Por Alexandre Melo

Daniel Bosi é suspeito de participar de um esquema de fraude em contratos para seguro de alugueis em SC

O ex-prefeito de Ilhota e advogado, Daniel Christian Bosi está preso preventivamente suspeito de participar de um esquema de estelionato e apropriação indébita num negócio que envolve garantia de aluguéis no Litoral do Estado. O ex-prefeito e outras seis pessoas estão sendo investigadas. Nesta sexta-feira, dia 19, Bosi passaria por uma audiência de custódia.

A polícia Civil de Navegantes, cidade onde o ex-prefeito residia e foi preso na quinta-feira (18), também cumpriu mandados de busca e apreensão, suspensão de atividades econômicas e bloqueio de valores em torno de R$ 1,5 milhão. O grupo vinha atuando desde o início do ano de maneira irregular já que, segundo a investigação, as duas empresas não teriam registro nem autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep), que atua como fiscalizador do setor.

O grupo induzia clientes, neste caso donos de imóveis ou de imobiliárias, a acreditar que se tratavam de seguradoras regulares, prometendo garantir o pagamento de aluguéis em caso do inquilino tornar-se inadimplente. Para fortalecer o esquema, foram abertas outras empresas e contratos com cláusulas cada vez mais rígidas, dificultando o ressarcimento de valores às imobiliárias. Isso levou ao aumento dos prejuízos.

Sem receber os repasses, as próprias imobiliárias acabaram realizando o pagamento aos proprietários de imóveis quando estes não recebiam o aluguel dos inquilinos. Isso, ainda de acordo com a investigação, teria levados algumas imobiliárias a fecharem as portas ou transferir clientes para outras empresas.

Uma das empresas investigadas teria sede em Navegantes, enquanto a outra na avenida Brigadeiro Faria Lima, um dos endereços comerciais mais caros de São Paulo. A Polícia checou os endereços e descobriu que outras empresas funcionavam nestes locais.

O esquema também agia forte nas redes sociais, com o objetivo de atrair clientes e conferir credibilidade ao negócio.

A Polícia Civil também apurou que os investigados mantinham um padrão de vida bastante elevado, ocupando apartamentos de alto padrão, próximo ao mar, e circulavam em veículos de luxo.

A investigação iniciou depois que várias vítimas registraram boletins de ocorrência em Navegantes, mas a suspeita é que o esquema já tinha ramificiações em outras regiões de Santa Catarina e nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso. O prejuízo total pode ultrapassar R$ 15 milhões.

De acordo com informações policiais, as diligências seguem e novas prisões podem ocorrer a partir da análise dos dispositivos eletrônicos e materiais informáticos apreendidos durante a operação.

Empresa Onda Segura se manifesta

A reportagem do Jornal Metas apurou que uma das empresas investigadas não teria mais a participação societária de Daniel Bosi. O ex-prefeito teria deixado a sociedade há cerca de oito meses. Em sua rede social, a empresa emitiu, na tarde desta sexta-feira (19), uma nota de esclarecimento, onde lamenta que informações sigilosas teriam vazado para a imprensa. Confira, abaixo, a nota na íntegra:

 A Onda informa que está adotando as medidas judiciais cabíveis para o devido esclarecimento dos fatos. Lamenta-se que um procedimento que tramita sob segredo de Justiça tenha sido indevidamente vazado, de forma leviana, com a divulgação de informações inverídicas e de cunho difamatório, inclusive antes do regular acesso pelos advogados da empresa.

A Onda esclarece que não compactua com qualquer conduta criminosa, jamais integrou o denominado Grupo S8 Garante e que não é uma seguradora e sim uma empresa focada em garantia digital, não possui contas com valores exorbitantes bloqueados. Não houve apreensão de veículos pertencentes à Companhia, tampouco as contas estão bloqueadas. Ademais, os responsáveis permanecem em liberdade, ao contrário do que sugere o conteúdo divulgado.

A Companhia está colaborando com as investigações relacionadas à antiga gestão e confia que, no curso regular do processo, os fatos serão devidamente apurados e esclarecidos pelas autoridades competentes.

Por fim, a Onda reafirma que segue regularmente com suas atividades empresariais e, por meio de seus representantes, destaca seu compromisso com a transparência, o bem-estar de sua equipe e da comunidade em que está inserida, bem como com o estrito cumprimento da legislação e das normas aplicáveis.

Nova prisão

Essa não é a primeira vez que o ex-prefeito de ilhota, Daniel Bosi, é preso pela polícia civil. Em 2017, logo depois de deixar o cargo, ele foi alvo de uma operação chamada "Terra Prometida". Na época, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) levou sete pessoas à prisão preventiva de cinco dias. A investigação apurava crimes de concussão (ato de exigir para si ou para outrem vantagem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la), corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, entre outros.

Na época, a suspeita era que o ex-prefeito teria colaborado num esquema em que vereadores de Camboriú estariam recebendo vantagens indevidas para promoverem alterações no plano diretor municipal que beneficiassem, sobretudo, empresários ligados ao ramo de loteamentos imobiliários.