Morre Salésio Conceição, aos 74 anos

Fundador do CTG Coração do Vale, Salésio viveu para preservar as tradições gaúchas no Vale do Itajaí

Por Alexandre Melo

Salésio foi um ícone do tradicionalismo gaúcho em Santa Catarina

Morreu nesta quarta-feira, dia 15, Salésio Conceição, 74 anos, um dos ícones do tradicionalismo gaúcho em Santa Catarina. O velório inicia às 19 horas desta quarta-feira, na Capela Bom Jesus, no Bairro Santa Terezinha, e se encerra às 14 horas de quinta-feira, dia 16, seguindo o corpo para o crematório São José, em Blumenau, onde ocorrerá uma cerimônia restrita à família.

Nascido em Gaspar e atualmente morando no Bairro Poço Grande, Salésio vivia da criação de cavalos e ovelhas. No mês passado, recebeu o título de Cidadão Emérito de Gaspar, concedido pela Câmara de Vereadores, em sessão solene alusiva à Independência do Brasil. O Jornal Metas produziu em dezembro do ano passado, uma reportagem contando a trajetória de vida de Salésio. Em setembro deste ano, após a homenagem do legislativo gasparense, a reportagem foi transformada em um vídeo, que você assiste aqui

O CTG Coração do Vale emitiu nota de pesar lamentando a morte do de um dos seus fundadores e ex-patrão. “Hoje Gaspar perde um dos seus maiores tradicionalistas, mas o exemplo e o legado do seu Salésio permanecerão vivos em cada cavalgada, em cada mate compartilhado, em cada novo gaúcho que se inspire na sua história.”

Salésio sempre foi um nome forte na história do tradicionalismo sul-rio-grandense em Santa Catarina. A paixão, desde criança, sempre foi pelos animais. “Nunca maltratei um animal, muitas pessoas não entendem o que é um animal. O animal veio para trabalhar pelo homem, não para ser maltratado”, afirmou em entrevista ao Jornal Metas. Por isso, Salésio virou carroceiro ainda jovem, profissão que o acompanhou por mais de duas décadas. Mais tarde, comprou caminhões e virou fretista. Salésio foi casado por mais de 50 anos com Glória Conceição, com quem teve três filhos.

A visão para negócios o levou para outra atividade: o comércio de animais. Salésio comprava, amansava, domava e vendia cavalos. Por isso, ele foi um dos primeiros tropeiros de Gaspar. Cavalgava até Lages, debaixo de chuva, frio ou do sol escaldante, numa viagem que podia levar até 15 dias, para comprar cavalos e revender em Gaspar. Por vezes, o destino era o Paraná. A fama de bom gineteador atravessou fronteiras.

Foi assim que ele entrou de corpo e alma no tradicionalismo, ficando conhecido por liderar movimentos como o TGSC (Tradicionalismo Gaúcho de Santa Catarina) e o MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho), fundando diversos CTGs no estado.

Salésio foi um dos 13 fundadores do CTG Coração do Vale, fato que o deixava sempre orgulhoso. Seus 16 anos à frente do Coração do Vale foram marcados por desafios, competições intensas e até rivalidades, mas ele sempre se manteve firme em sua missão de preservar e fortalecer as tradições. “Mas não fizemos nada sozinho, o povo de Gaspar nos deu muito apoio”, afirmou em entrevista ao Jornal Metas.

A paixão pelo tradicionalismo gaúcho era tanta, que Salésio foi o primeiro a andar de bombacha (vestimente típico dos gaúchos) pelas ruas de Gaspar, assim como também foi um dos primeiros a ter criação de cavalos para montaria na cidade. Ele chegou a ter 75 animais. Ele também foi um dos fundadores da Apae de Gaspar e da Oktoberfest de Blumenau, sendo por 32 anos o coordenador de toda a parte que envolvia os animais nos desfiles da festa alemã. Quis o destino, que um dos fundadores da Oktoberfest nos deixasse justamente durante o evento. 

A diretoria do Jornal Metas e sua equipe se solidarizam com a família de Salésio Conceição neste momento de profundo pesar.