Escola Frei Godofredo adota modelo cívico-militar
A partir de 2026, a maior escola estadual de Gaspar terá uma gestão compartilhada com o modelo militar
A Escola de Educação Básica Frei Godofredo, a maior estadual de Gaspar, será uma das novas unidades em Santa Catarina a adotar o modelo cívico-militar até o final deste ano, elevando para 19 o total de escolas neste formato no estado. A decisão foi formalizada em uma assembleia geral na última segunda-feira, dia 29, onde pais, professores e alunos aprovaram a proposta de gestão híbrida a partir de 2026.
A unidade, localizada no bairro Sete de Setembro e com mais de 1.200 alunos matriculados do ensino fundamental ao médio, teve uma aprovação majoritária, mas com métodos de votação diferentes. Enquanto pais e professores aprovaram a proposta por aclamação durante a assembleia, os estudantes participaram de uma votação organizada pelo Grêmio Estudantil ao longo do dia. O resultado entre os alunos foi de 314 votos a favor, 250 contrários e 70 abstenções ou nulos, totalizando 634 participantes.
Mas, afinal, o que é uma escola cívico-militar? Muitas pessoas confundem esse modelo com os Colégios Militares, instituições centenárias que têm sua gestão e projeto pedagógico inteiramente conduzidos pelas Forças Armadas. No entanto, o modelo adotado em Gaspar é de gestão compartilhada: as Secretarias de Educação continuam responsáveis pelo programa pedagógico, enquanto as forças de segurança pública atuam na disciplina, na segurança e no apoio a ações administrativas. Essa parceria visa aprimorar o ambiente escolar e a formação integral dos alunos.
O diretor da Frei Godofredo, Enéas Lana, explica que a principal vantagem é o reforço na segurança pela presença dos militares. “Isso vai proporcionar bastante segurança para alunos e professores,” afirma Lana, acrescentando que a questão da disciplina e a parte de civismo também serão trabalhadas junto aos estudantes. Ele explica que a parte pedagógica continua regida pelo estatuto da escola e pela Secretaria de Estado da Educação, cabendo aos militares o trabalho de monitoramento, segurança e disciplina.
A implementação da mudança exige um trâmite legal. A Coordenadoria Regional de Educação (CREA) deve ir em busca de um militar com patente de coronel, seja da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar, que irá comandar a equipe de militares a ser designada para a escola. Essa primeira etapa, de seleção e designação, deve ocorrer ainda este ano. O diretor ressalta que a presença militar não é novidade: a escola já contava com um sargento responsável pela segurança até o final de 2024, que foi dispensado por questões administrativas da PM. “Nós sentimos muito a saída dele”, observa Enéas.
Sobre o processo de matrículas, o diretor tranquiliza: os alunos já matriculados têm sua vaga garantida para o próximo ano. As matrículas para novos alunos acontecerão em novembro, após a direção divulgar o número de vagas. Enéas admite, contudo, que ainda há dúvidas por parte dos estudantes. Muitos votaram contra por receio de que a escola se torne totalmente militar, com regras rígidas como corte de cabelo. “Eu acredito que durante o ano vamos mostrar aos estudantes que a mudança somente irá trazer benefícios a eles”, pontua.
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O engajamento estudantil foi crucial. Felipe Gabriel Martins, representante dos estudantes no Conselho Deliberativo Escolar e aluno do segundo ano do ensino médio, participou ativamente do processo. Ele integrou a comitiva que visitou uma escola cívico-militar em Blumenau e votou favorável: “Percebi que teremos muitos benefícios com o modelo cívico-militar, além de melhorias na estrutura da escola, tanto no pedagógico quanto no disciplinar.” Felipe acrescenta que os alunos têm a consciência de que a mudança traz mais segurança e permite o engajamento cívico.
A estudante Ana Laura Jesuscasas endossou a aprovação, afirmando que percebeu que o modelo “de fato é muito bom” para o futuro. Já a aluna Jenifer Carraro, que votou contra, disse ter pesquisado na internet e formado uma opinião contrária, decidindo, embora tivesse acompanhado os debates na escola.