Quem era a professora gasparense que morreu em acidente de trânsito

Maria Antônia trabalhou por mais de 60 anos com educação

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A professora gasparense, Maria Antônia de Souza e Silva Maas, 79 anos, que morreu em acidente de trânsito neste final de semana era apaixonada pelo trabalho com crianças. Ela dizia que educar é acreditar no futuro da humanidade, em gente honesta e verdadeira. Durante 28 anos, Maria Antônia foi a coordenadora da Creche e Lar Maria de Nazaré, em Gaspar, onde mais de 140 crianças são atendidas de segunda a sexta-feira - a maioria filhos de trabalhadores da Círculo. A creche fica em frente à unidade industrial da empresa, no bairro Coloninha. E foi lá, em meio à alegria de cuidar e ensinar crianças, como se fossem seus filhos, que Maria Antônia colocou seu nome na história da educação de Gaspar. Ela começou a ensinar crianças e adolescentes há mais de 60 anos. Foi professora da rede pública estadual e municipal de Gaspar. Em 1985, assumiu o cargo de assessora da Secretaria de Estado da Educação, em Florianópolis. Em 1987, já aposentada, recebeu convite para trabalhar na Fundação Frei Godofredo, criada pela Lince para incentivar o resgate da história e da cultura local. Foram quase dez anos na Fundação até que veio o convite para coordenar a Creche e Lar Maria de Nazaré, que não era uma novidade para ela, afinal, seus dois filhos estudavam na instituição. Dois anos antes, Maria Antônia havia assumido a direção da Associação de Pais e Professores (APP) da creche.

FOTO JOSÉ ROBERTO DESCHAMPS

Contestadora e, por vezes, polêmica, a professora defendia um modelo de ensino alternativo, mas que não fugia a conceitos como dedicação, carinho, amor e sobretudo responsabilidades. As crianças, ela chamava de “gênios” e a explicação, segundo Maria Antônia, estava na ciência. “Toda criança nasce com 40% a mais de neurônios que um adulto, por isso todo o ser humano nasce inteligente, o que o 'emburrece' é a sociedade”. Ela fazia questão que seus “gênios” assumissem responsabilidades desde pequenos. Os seus métodos, garantia a professora, agradavam aos pais, pois eram ensinamentos simples do dia a dia e que ela conseguia fazer a diferença na vida de cada um dos seus pequenos alunos. Maria Antônia repelia o termo “tia”. “Não tem tia na nossa escola, mas professoras; a tia é algo ideológico, é irmã da mãe, que coloca o sobrinho no colo, dá balinha e não educa, não dá limites, por isso eu não concordo que as crianças chamem as professoras de tia. A professora está aqui para ensinar e educar”, afirmou em entrevista ao Jornal Metas em novembro de 2021 por ocasião dos 40 anos da unidade de ensino. Maria Antônia acreditava que uma criança precisa ter desafios e liberdade, pois é isso que ela se torna independente e cresce como ser humano. “Somos uma escola aberta, não podemos ter aqui uma amostra de cadeia, com vigia na porta. É claro que a gente cuida da segurança dos nossos alunos, mas jamais deixamos transparecer a eles a ideia de que estão presos aqui dentro”, repetia. A professora viveu desafios em seus mais de 60 anos de magistério, mas também muitas conquistas. “Se ainda amo o que faço, devo às crianças”, costumava dizer. A frase gravada na entrada da Creche e Lar Maria Nazaré resume as décadas de trabalho e dedicação ao ensino em Gaspar: “Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”, de Ray Krock,  fundador da Rede McDonal?s.

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