Sonho que a tragédia não apagou
Casal não desistiu do sonho, embora a dificuldade
Já diz o ditado: quem casa, quer casa. O desejo da maioria dos brasileiros não foi diferente para o casal Edemir e Josiane Pitz. Por isso, quando os namorados decidiram que era hora de dar um passo a mais na relação, a primeira providência que Edemir e Josiane tomaram foi planejar a construção de uma casa. O terreno, o casal já possuia: um bom pedaço de terra no bairro Arraial, doado pelo pai de Josiane. Aos poucos, a construção teve início e a ampla residência, de 211m², ficou pronta após cinco anos de trabalho. O casamento aconteceu em maio de 2009 e foi somente nesta data que o casal se mudou para a nova casa. Mas, o casal não imagina que um obstáculo iria aparecer em seu caminho: a fatídica tragédia de novembro de 2008, que atingiu o Vale do Itajaí, em especial a cidade de Gaspar. Até novembro daquele ano, a casa do casal Pitz era separada da estrada geral do Arraial por um ribeirão de cerca de 3 metros. Entretanto, a fúria da natureza o transformou em um largo rio. "A ponte que planejávamos fazer não tinha mais condições, pois o rio ficou muito largo. Por isso, tivemos que improvisar", explica a moradora. A improvisação da qual Josiane fala é uma ponte contruída com cabos de aço e madeira. "O problema é que não temos como chegar até a nossa casa de carro", lamenta. É isso mesmo: o casal precisa deixar o veículo de um lado da estrada e atravessar a ponte a pé para chegar até a residência. O casal chegou a construir uma garagem improvisada do outro lado da rua. Josiane explica que a construção de uma ponte de concreto no local foi descartada devido ao custo elevado da obra. "Ligamos para várias empresas e iríamos gastar cerca de R$ 60 mil só para comprar as vigas. Construir a ponte seria mais caro do que costruir uma casa nova", diz. As marcas da tragédia estão ainda bem vivas na memória da moradora, que a cada chuva fica apreensiva. "Tudo o que aconteceu em 2008 ainda é muito recente. Por isso, sempre ficamos com medo quando chove", diz. Entretanto, o medo de Josiane vem acompanhado da coragem. Em nenhum momento ela pensou em não se mudar para a nova residência. "Levamos cinco anos para construí-la e foi um sonho que realizamos. Nunca pensei em deixar de vir morar nesta casa, construída com tanto esforço", afirma. Por isso, Josiane diz não se importar em ter que atravessar 37 metros a pé até para buscar um botijão de gás. "As vezes, quando alguma pessoa vem fazer uma entrega aqui em casa os entregadores ficam com medo de passar pela ponte. Por isso deixam a encomenda do outro lado da rua". A moradora confessa que no início também tinha receio de passar pela obra. "No começo tinha muito medo de passar pela ponte. Agora já estou acostumada e as grades na lateral me passam mais segura". A ponte pode ser vista de longe e segundo Josiane atrai a atenção de muits pessoas que passam pelo local. "Já vi várias pessoas pararem aqui e fotografar a ponte. Todo mundo tem curiosidade em saber quem, como e porque a construiu", diverte-se. A ponte da acesso apenas a duas residências: a de Josiane e à casa de uma tia dela. "Por isso, nunca procuramos a prefeitura para nos ajudar. Seria egoísmo de nossa parte sabendo de tantos outros problemas que a cidade está enfrentando".
Vizinhos ajudaram na construção
Para fazer a ponte, Josiane explica que foram utilizados cabos de aço e madeiras. O investimento mais alto, segundo a moradora, foi a compra dos cabos. "Gastamos cerca de R$3.500,00 para comprar o material", afirma. Já a mão-de-obra não teve custos. A ponte, de 37 metros, foi construída pelo marido de Josiane - também dono da ideia - com a ajuda dos vizinhos. A construção da ponte teve início em março de 2009 e levou cerca de dois meses para ficar pronta. "Os trabalhos aconteciam somente nos fins de semana, pois durante a semana, meu marido, assim como a maioria dos vizinhos, estavam trabalhando", diz Josiane. Por enquanto, a ponte improvisada é satisfátória, mas a moradora afirma que outra alternativa terá que ser encontrada quando ela engravidar.
"Nunca pensei em deixar de vir morar nesta casa, construída com tanto esforço" . Josiane Pitz