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Retorno a Dona Emma
“Dona Emma, aqui me tens de regresso...” Só faltava esta. Parodiar a canção do Nelson Gonçalves, trocando a palavra boemia pela expressão Dona Emma. Decididamente não. Mas, quanto ao título, fica a dúvida. O cronista optou pelo substantivo retorno, com o o fechado ou simpatizou mais com o verbo, retorno com o aberto? Decida o leitor, que nosso idioma oferece leques de opções. Todas válidas.
Estive lá, revisitando-a (a primeira ida ocorreu na infância), levado por um filho daquela terra, o professor de Biologia, companheiro de magistério, Nélcio Lindner e de Sueli Maria Vanzuita Petry, diretora histórico-museológica da Fundação Cultural de Blumenau.
Fomos a uma reunião do Centro de Memórias de Dona Emma, fundado em outubro de 2010. Nossa ida ocorreu no ano seguinte. E, em 2012, lá estávamos de novo, redundantemente lépido e fagueiro. Mas com a missão séria de acompanhar a pesquisa histórica sobre o município. Dessa busca, procura e trabalho sairá um livro. Por certo, não escapo de responder pela revisão.
Soubemos da existência de uma obra sobre o assunto. Foi encomendado por um prefeito em fim de mandato. Convidado, o competente professor da Universidade Federal de Santa Catarina Valberto Dirksen topou a empreitada. Feito meio às pressas, por força de contrato de última hora, dizem as más línguas que não agradou o autor.
Desta feita, como obra escrita por um nativo, um donemense, deverá satisfazer a gregos e troianos. Atento a tudo que vi e ouvi, surge a revelação: O primeiro templo dos menonitas foi erguido em Dona Emma e depois eles se instalaram também em Witmarsum. Foi lá também que surgiu a Igreja de Deus do Brasil.
A cidade se orgulha em ter abrigado dois nomes famosos. Na literatura, o escritor húngaro Alexander Lenard e nas artes plásticas o alemão Franz Richard Becker. De Lenard já falamos muito. Em gratidão à região que o acolheu, era um dos que, carinhosamente, se referia a Dona Emma com a perífrase A Menina do Vale. Slogan utilizado pela publicitária Andressa Sacheti num folder sobre o município.
Franz Becker veio da Alemanha para o Brasil em 1922, ano da Semana de Arte Moderna. Viveu como colono em assentamento da Companhia Colonizadora Hanseática, responsável pela vinda de imigrantes europeus para o nosso Vale. No pouco tempo em que se fixou em Blumenau, deixou quadros belíssimos do Itajaí Açu. Retornou a Dona Emma, mudou-se para o estado de São Paulo, onde morreu.