Os deliciosos doces da Dona Conceição

Toda criança adora doces. E como é bom encontrar aquele biscoito delicioso que se comia na infância. Quem passa a pé, de bicicleta ou de carro pelo quilômetro 18 da Rodovia Jorge Lacerda jura que sente um cheiro irresistível de doces caseiros. E tem muita gente que para para comprar a iguaria feita no Poço Grande, em uma pequena casa de alvenaria na beira da rodovia. Os clientes mais antigos garantem que o sabor nunca mudou. Isso porque há cerca de 30 anos Maria Conceição Pombal e vende os biscoitos que aprendeu a produzir na extinta empresa Doces Arco-íris.
Este foi o seu primeiro emprego em Gaspar, em 1973, quando ela se mudou para a cidade. A fábrica ficava num galpão ao lado de onde hoje a senhora produz seus biscoitos. Naquela época, a empresa era tocada por 20 funcionários. Os proprietários eram Vitório e Nina Zimmermann. Passados alguns anos, a fábrica fechou as portas.
A dona da empresa continuou produzindo os Docinhos da vovó, em uma parte do galpão, e na outra parte, Conceição iniciou a sua pequena empresa de biscoitos, a Mantegal do Vale, mais conhecida pelo nome de Biscoitos Caseiros.
Assim, ela começou. Logo ficou viúva - o marido faleceu em um acidente quando fazia uma entrega de biscoitos - e criou os filhos com o sustento que retirava da venda dos doces. Todos logo aprenderam a receita e passaram a ajudar no preparo dos biscoitos. Hoje, trabalham com ela uma filha, Carla, que ajuda a mãe desde pequena, e uma nora, Elis, que trabalha lá há quatro anos. As três produzem de 50 a 100 quilos de biscoitos por dia. “Depende muito do doce, tem massa que pesa mais, e há outras mais leves, mas que rendem bastante”, explicam as doceiras.
A fábrica da dona Conceição recebe muitas encomendas e grandes, a maioria para outras cidades, como Curitiba, no Paraná, Florianópolis e Balneário Camboriú. Elas têm clientes até em Joaçaba, que vem a Gaspar especialmente para comprar os docinhos. Aqui na cidade, os biscoitos caseiros Mantegal do Vale podem ser encontrados na Padaria Vanzuita, ou então no postinho de vendas à beira da SC 470, no Poço Grande.
Eles são vendidos em pacotes de 1 quilo e 500 gramas, custando R$14,00 e R$7,00 respectivamente. “Muita gente vem comprar e diz que o pai comprava pra ele quando criança, então agora ele quer comprar para o filho”, conta Conceição, mostrando que seus biscoitos já viraram tradição na sua e em muitas outras famílias.
 

Como se faz

Carla Cerqueira Pombal, a filha de Maria da Conceição, explica, em parte, como os doces são fabricados. Isto porque, a receita é segredo de doceira guardado a “sete chaves”. “Fazemos uns 15 quilos de cada vez”, calcula.  Depois de pronta, a massa é esticada na mesa, para depois ser cortada em diferentes formas. As pecinhas de biscoito vão para uma forma de alumínio e seguem para o forno. Depois disso, são embaladas, pesadas e estão prontas para serem comercializadas.
A rotina de trabalho na cozinha começa cedo, e vai até o fim da tarde. Já no postinho de vendas, domingos e feriados são dias normais de venda. O local fica aberto todos os dias e só fecha à noite. Segundo as doceiras, o movimento já foi maior. “Depois que pavimentaram o último trecho da BR 470 (entre Gaspar e Navegantes) o movimento caiu”, admite Carla.
Mesmo assim, com as vendas, dona Maria diz que dá pra manter a família. Hoje, quem pretende começar nesse ramo precisa fazer bons investimentos. “Quem quer ter muito lucro vai precisa comprar máquinas novas e tudo mais”, avisa a doceira.