Estranhos habitantes da mata
Macacos mantém a política da boa vizinhança com moradores do bairro Lagoa onde recebem até comida
Macacos mantém a política da boa vizinhança com moradores do bairro Lagoa onde recebem até comida
á alguns anos, o bairro Lagoa ganhou novos e curiosos habitantes. Escondidos por entre as árvores da mata local, pequenos macacos conhecidos pelo nome de Sagui ganharam a afeição dos vizinhos, onde vão com frequencia buscar comida. No início era apenas um casal, comprado por um dos moradores do bairro. Porém, os animais acabaram dando muito trabalho para o dono, pois comiam seus passarinhos, e acabaram sendo soltos.
De dois, logo passou-se a oito macacos. Há quem diga que já viu mais de dez, pulando entre os galhos das árvores. Porém, hoje restam apenas quatro. Alguns foram levados por outras pessoas. Darci Gonçalves, que mora ao lado da mata onde vivem os macaquinhos, chegou a dar um casal para um conhecido, que os levou para sua casa no bairro Gasparinho. Mas, os macacos também escaparam.
Quase todos os dias, perto do meio-dia, os bichos visitam Darci, que os alimenta com bananas e outras frutas. "É questão de minutos. Eles vêm, pegam a comida e vão embora", relata. Josiane Zuchi, que mora com Darci, conta que não se pode deixar nada na cozinha. Os macacos comem de tudo, seja fruta ou pão. Certo dia, Darci preparou um bolo de aniversário e deixou-o na mesa, para ser servido mais tarde. Quando retornou, o bolo estava despedaçado. "Os macaquinhos tinham comido tudo", lembra-se.
Assim como não poupam comida, os primatas não pedem licença para entrar. Josiane diz que uma vez, estava na cozinha, e os bichinhos passaram por trás dela, comeram e foram embora, quase sem serem percebidos. "Só vi eles saindo pela porta". Também as árvores frutíferas de Darci fornecem alimento para os macacos, e alguns outros vizinhos. Segundo ela, os macacos costumam mexer nos pés de banana e de ameixas. As frutas nem sequer ficam maduras e já são devoradas. Os macacos também se alimentam de insetos e filhotes de passarinhos.
Os bichos, apesar de pequenos, são dóceis e ariscos, mas em alguns momentos sentem-se incomodados e ficam bravos. Para os dóceis, Josiane consegue dar comida na mão. Para os outros, ela deixa no chão, ou no galho da árvore, para que eles mesmos peguem.
Os macacos andam sempre em grupos e defendem uns aos outros. "Quando um grita, os outros todos vão atrás", observa Josiane. Até a cachorra da moradora apanhou dos macaquinhos. "Ela começou a judiar de um, então os outros todos vieram ajudar e foram pra cima dela", conta Darci. Ainda assim, os primatas têm medo da cachorra, quando estão sozinhos. O mesmo acontece na presença de pessoas desconhecidas. Diante delas, os macacos custam a se aproximar, e preferem ficar entre as árvores onde se sentem mais protegidos.
Para Darci, o primeiro casal a ser solto na mata era mais dócil. Esses que continuam morando na vizinhança já são de uma nova geração. "Como cresceram na mata, ficaram mais ariscos", opina a moradora.
Apesar de não serem muito amigáveis com os humanos, entre si são bem atenciosos. "Os machos carregam os filhotes o tempo todo. Só entregam para as mães na hora de amamentar", diz Darci, que já viu muitos macaquinhos crescerem ao lado da sua casa.
Os bichos são bastante ágeis, com habilidade para andar até em fio de eletricidade. Mas a maior peripécia que foi conquistar a simpatia da a vizinhança, que sempre tem um pedaço de banana para alimentá-los.
Origem no nordeste do País
A espécie dos macacos que habitam hoje no bairro Lagoa é popularmente conhecida pelo nome Sagui-de-tufos-brancos. Originários do nordeste do Brasil, esses primatas costumam viver na caatinga, ou no cerrado. Eles se movimentam sempre em grupos e raramente descem das árovres. Os filhotes nascem sempre de dois em dois. A alimentação é baseada em frutas, moluscos, filhotes de aves e outros animais, além de uma goma que encontram em algumas árvores. O sagui emite um guincho agudo, como forma de comunicar-se com os demais membros de seu grupo, principalmente quando sente-se ameaçado.
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