De bloco em bloco

João de Souza investiu no seu próprio negócio

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João de Souza investiu no seu próprio negócio

Ele trabalhou 35 anos como empregado de fábrica até que chegou a aposentadoria. O que para muitos seria o começo do merecido descanso, para João de Souza, 54 anos, foi um empurrão para o seu próprio negócio. Ele admite que até chegou a gostar da rotina de aposentado,  mas não é da sua personalidade ficar o dia todo de pijama em casa. “Eu gosto mesmo é de trabalhar”, garante João.
Depois de oficialmente aposentado, ele teve a ideia de um empreendimento. Fez a contas, arregaçou a mangas e criou a Artefatos de Cimento Lagoa. Em pouco tempo se tornou um próspero produtor e comerciantes de blocos de cimento, lajotas e outros artefatos usados no setor da construção civil. João conta que até pensou em abrir uma confecção de roupas no galpão de sua fábrica, mas percebeu que o gasto com energia elétrica seria muito alto. “O cimento não dá muita despesa com eletricidade”, justifica.
O negócio é pequeno, mas rende o suficiente para João completar a renda de aposentado. Ele, no entanto, admite que o mais importante é se manter ocupado, exercitar corpo e mente. “É mais um passatempo do que propriamente um trabalho”, afirma o empreendedor.
João chega a produzir 600 blocos de cimento por dia, com muita disposição e paciência. A produção acontece em dias alternados. O empresário explica que o cimento leva tempo para secar, por isso deve permanecer na sombra. “Precisa haver paciência no processo de secagem, caso contrário o cimento queima”.
A pequena fábrica de cimento fica atrás da residência de João, e os pedidos atendem ao mercado de Gaspar. Com uma máquina ele consegue produzir três tipos diferentes de blocos de cimento, que se diferem de acordo com a largura.

Sem chefe
João explica que os produtos são muito usados em fundamentos e que o preço é praticamente igual ao do tijolo. Um dos principais clientes é o seu cunhado, Luciano Venturini, dono de uma loja de materiais de construção em Gaspar.    O filho do pequeno empresário também é seu grande ajudante. Maurício Ricardo de Souza apóia o pai na pequena produção, entre suas tarefas está a entrega dos pedidos.
Casado há 30 anos com Sônia Regina de Souza, João é pai de três filhos. O sorriso aparece no seu rosto quando fala das duas netas. A ajuda do filho Maurício é uma grande alegria para o pai. João também se mostra muito feliz com o empreendimento. Depois de tantos anos trabalhando como empregado é uma grande satisfação ser dono do seu próprio negócio. “O melhor é que não tenho chefe. Saio a hora que quero e trabalho conforme a demanda”, afirma o empresário. Morador do Lagoa, João se diz contente com o desenvolvimento do bairro. “O Lagoa evoluiu muito, é um bom lugar para viver”, finaliza o simpático senhor.

 

Você sabia?
O pedreiro inglês Joseph Aspdin, em 1824, patenteou a descoberta do cimento. Ele batizou o artefato de “cimento portland”, numa referência à Portlandstone, tipo de pedra arenosa muito usada em construções na região inglesa de Portland. Os blocos da mistura seca eram calcinados em fornos e depois moídos bem finos. Poucos anos antes, na França, o engenheiro e pesquisador Louis Vicat publicou o resultado de suas experiências contendo a teoria básica para produção e emprego de um novo tipo de aglomerante: o cimento artificial. O cimento portland desencadeou uma verdadeira revolução na construção, pelo conjunto inédito de suas propriedades de moldabilidade, hidraulicidade (endurecer tanto na presença do ar como da água), elevadas resistências aos esforços e por ser obtido a partir de matérias-primas relativamente abundantes e disponíveis na natureza.