Hebe = Mulher Maravilha?
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Nunca fui de curtir programas de auditório. Assim passaram e passam ao longe as produções de Flávio Cavalcanti, Chacrinha, Raul Gil, Faustão, Gugu, Hebe Camargo etc. A primeira vez que ouvi falar dela foi no início dos anos 60. Morava no Rio de Janeiro e fui visitar em seu apartamento no Leblon meu tio e padrinho, o advogado Leonel Thieme, nascido em Itajaí.
Na radiola, tocava um disco de Hebe Camargo, vivendo canções românticas. Uma das músicas do LP logo se destacou no repertório: "Quem é?", de Osmar Navarro, cantor e compositor. Já de volta, em Blumenau, comprei um vinil dele só para ouvir e reouvir a música citada. Hebe, como cantora, dava conta do recado, gravando todos os gêneros existentes: da música caipira à bossa nova.
Mas foi na televisão que, durante décadas, ela se impôs como apresentadora. Nenhuma estação de televisão do Rio ou São Paulo escapou de incluir entre as atrações o programa de entrevistas da Hebe. Na Cidade Maravilhosa, vamos citar, entre outras, a TV Tupi, TV Rio, Continental e Bandeirantes.
Em São Paulo, eram cinco as estações: Cultura, Excelsior, Record, Tupi e TV Paulista. Essas recordações correm por conta da leitura de Hebe - a biografia, assinada pelo jornalista Artur Xexéo (Editora Best Seller, Rio de Janeiro, 2017, 1ª. edição, 266 páginas).
Ela nunca escondeu a baixa autoestima em relação a sua formação cultural. Fez apenas o curso primário para ajudar a família trabalhando em estações de rádio e gravando discos. "Não sou tão ignorante como as pessoas... como algumas pessoas imaginam que eu seja", dizia. Extremamente nervosa ficava quando tinha que entrevistar personalidades, com vasta bagagem cultural. Cientistas famosos, artistas de Hollywood... Seu intérprete para o inglês, francês ou outro idioma foi, por longo tempo, o mais tarde famoso Jô Soares.
Mas a "hebice" a fazia tirar de letra os programas com tais personalidades. "Hebice" foi um termo cunhado pelo ator Walter Forster, que assim o definia: "O mistério de Hebe é que toda a sua simplicidade, autenticidade, espontaneidade, simpatia, vivacidade e malícia, isto é, toda a sua imensa capacidade de se comunicar envolve, como se fosse um gás, a pessoa do entrevistado, e este, mesmo que seja um homem formal ou um técnico bem quadrado, contagia-se e passa também a comunicar-se, a dizer coisas que o povo gosta de ouvir e entende."
O biógrafo Artur Xexéo registra: "As gafes da Hebe tornaram-se lendas urbanas. Havia sempre um amigo de um amigo que tinha visto ela perguntar ao Trio Irakitan quantos integrantes formavam o grupo. Dependendo da versão, a pergunta teria sido feita ao Quarteto em Cy. Ou ao Luiz Loy Quinteto. São tantas as versões que é mais prudente acreditar que nada disso nunca tenha acontecido."
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