Vereadora envolvida em assassinato vai permanecer presa
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Justiça decidiu que a vereadora deve permanecer presa (Fotos: )
Juliana Pereira teve a prisão preventiva decretada a pedido do Ministério Público de SC
A vereadora do município de Tigrinhos, localizado no Oeste do Estado, Juliana Pereira de Oliveira, de 35 anos, teve a prisão preventiva decretada a pedido da 2ª Promotoria de Justiça de Maravilha no último sábado, dia 2. Ela é uma das principais suspeitas pela morte do agricultor Osmar Alves Pereira, de 63 anos, em fevereiro deste ano. A vereadora e o namorado, cujo nome não foi revelado, acompanhados de outros dois homens, teriam ido até o sítio onde o idoso morava em Linha Boa Esperança, interior do município, e cometido o crime. A propriedade havia pertencido a Juliana, porém há seis meses estava de posse de uma cooperativa de crédito como pagamento de uma dívida da vereadora. De acordo com o Ministério Público, um dia antes do crime Juliana e o namorado teriam comunicado à polícia, falsamente, que ela estaria sendo ameaçada pelo idoso, que se recusava a desocupar o imóvel - de que ela ainda afirmava ser a proprietária -, ameaça que nunca se consumou, conforme a investigação apurou. Com isso, Juliana e o namorado também estão sendo processados por denúncia caluniosa. O namorado, que estava preso temporariamente, teve a prisão preventiva também decretada pela justiça. A 2ª PJ requereu ainda o envio de cópia da ação penal pública à Câmara de Vereadores de Tigrinhos para embasar a instauração de um processo de cassação do mandato da vereadora, que já está afastada da função.
Os fatos
O crime ocorreu no dia 4 de fevereiro deste ano. Juliana exigia que Osmar, que fora seu inquilino, continuasse pagando aluguel a ela ou desocupasse o sítio por falta de pagamento. Ele, porém, alegava que o imóvel já não pertencia mais à vereadora e que a intenção era comprá-lo da cooperativa de crédito.
As apurações concluíram que a falsa comunicação da ameaça feita à polícia teria "o objetivo de conseguir impunidade em relação ao crime de homicídio que viria a ser praticado no dia seguinte", conforme consta na ação penal pública. E a denúncia caluniosa só não se consumou porque acabou sendo revelada durante as investigações da morte do morador.
A vereadora e o namorado decidiram então ir até a propriedade. Para isso, se fizeram acompanhar de outros dois homens, que teriam ajudado no transporte da vereadora e do seu comparsa, além de terem ocupado posições estratégicas na propriedade com o objetivo de impedir a fuga da vítima. Osmar se recusou a abandonar a sua moradia e acabou morto com cinco tiros disparados pelo namorado da vereadora, que teria ido ao local armado de um revólver. Os dois fugiram da cidade após o crime, mas acabaram presos em seguida pela Polícia Militar.
A vereadora e o namorado foram denunciados por homicídio duplamente qualificado - pelo motivo torpe e por ter sido cometido sem dar chances de defesa à vítima - e por tentativa de denunciação caluniosa. Os outros dois comparsas foram denunciados por homicídio qualificado pela dificuldade de defesa à vítima, e a eles foram impostas medidas cautelares pessoais para garantia da ordem pública.
Para o Promotor de Justiça Marcos Schlickmann Alberton, a captura dos dois envolvidos em outro município, logo após o fato, pela Polícia Militar, assim como a investigação da Divisão de Investigação Criminal de Maravilha, da Polícia Civil, com diversas medidas investigativas não convencionais, foram fundamentais para desvendar os crimes e responsabilizar todos os envolvidos na execução do idoso.
O município de Tigrinhos fica localizado à 90km de Chapecó. A população, segundo o IBGE, é de pouco mais de 1.800 habitantes Em 2020, Juliana se elegeu vereadora pelo Partido dos Trabalhadores. Ela obteve 126 votos, sendo a quarta mais votada entre os nove parlamentares eleitos.
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