Existe sempre a dúvida se Santa Catarina é um dos estados com mais casos de violência doméstica porque é onde se tem mais denúncias ou se de fato as mulheres são mais agredidas em nosso estado. A dúvida persiste, mas a continuidade deste cenário nos coloca em estado de atenção. Não dá para varrer para debaixo do tapete os dez feminicídios registrados em menos de dois meses. Isto não é normal e mostra que de fato a violência contra a mulher em Santa Cataria merece atenção especial das áreas de segurança, judiciário e assistência social. Estamos vendo uma escalada de números preocupantes.

Reportagem publicada nesta edição e assinada pela jornalista Raquel Bauer, traz outros indicadores e depoimentos que comprovam que é preciso agir rápido e com precisão. A violência doméstica é algo complexo, histórico, cultural e institucional, como bem frisou o professor e pesquisador Ricardo Bortoli. Só assim se entende porque a violência contra a mulher atinge índices tão alarmantes em Santa Catarina. Somos um estado conservador, embora economicamente acima da média nacional, assim como na área do ensino também estamos bem colocados. Portanto, o problema está dentro das famílias, enraizado num modelo de relacionamento arcaico e patriarcal. A sociedade precisa desconstruir essa ideia de sociedade machista, oportunizar mais às mulheres em áreas dominadas pelos homens. Valorizar mais o trabalho delas fora do lar, pois só assim se chega à igualdade e o respeito que todo o ser humano merece.