A pandemia foi o fator determinante para a implementação da telemedicina no nosso dia a dia. Para nós, que já acompanhávamos o setor e ansiávamos por essa realidade há 20 anos, assistir a isso foi especialmente interessante. Enquanto nos cinco anos anteriores à pandemia em torno de 10 milhões de segundas opiniões foram realizadas em imagens e ECG no país, pelas instituições públicas, hospitais universitários e de ensino membros da RUTE, Rede Universitária de Telemedicina, coordenada pela RNP, em 2020 e 2021 houve um disparo completo de assistências à distância e a inserção durante a pandemia do setor privado de saúde. Ou seja, a efetividade da telemedicina foi finalmente aceita no ambiente de negócios. E o melhor de tudo, é que, o que era algo temporário no início do período que estamos ainda vivendo, mas hoje já é visto como definitivo, com novas nuances e aprimoramentos. Há uma tendência de incorporarmos a telessaúde e outras tecnologias de forma a termos um modelo híbrido, uma assistência "figital", que unirá, definitivamente, o físico e digital. E os resultados efetivos da prática da telemedicina e da telessaúde (ampliada à todas as profissões da saúde), principalmente durante a pandemia, tornaram-se indicadores claros de sua aplicabilidade nos próximos anos. Há um grande potencial da tecnologia para trazer novas soluções para problemas antigos, mas que agora tem sustentabilidade para, de fato, solucionar os problemas em escala. E a tecnologia também traz novas formas de abordar as soluções e ainda transformar a saúde com inovações tecnológicas. Se tomarmos, por exemplo, a gestão como um elemento integrador dos processos da saúde, percebe-se claramente a inserção das TICs no aprimoramento dos processos. O fato é que todas as tecnologias digitais podem, em maior ou menor grau, transformar a saúde. Sua incorporação depende, como em outras tecnologias de evidências técnico-científicas obtidas de processos de pesquisas científicas, e para a isto a RNP e seus parceiros na RUTE podem contribuir para aceleramos todas as prospecções de tecnologias que podem transformar a capacidade de formar Recursos Humanos para uma Prática Digital da Saúde, novos serviços para a comunidade de Ensino e Pesquisa em Saúde e a estabelecermos um novo conhecimento sobre uma nova Saúde Digital, acessível à população. Em 2020 a RUTE foi reconhecida pela OMS Organização Mundial da Saúde como exemplo no documento. Por isso, mais do que nunca, todos os profissionais da saúde (se ainda não foram) serão envolvidos na prática digital da saúde e, portanto, o que se recomenda é uma atenção ainda maior com a formação e a capacitação desses profissionais, de tal forma a habilitá-los no ambiente virtual, que naturalmente tências (conhecimentos, habilidades, atitudes e valor), pela própria evolução dos novos conhecimentos e quantidades de informações disponíveis hoje em rede.

Luiz Ary Messina e Paulo Lopes

Médicos