Por Gaudêncio Torquato


Ameaças ao pleito

O que o TSE pode fazer para evitar o uso da máquina pública e a anteci­pação de campanha eleitoral? Para começar, definir limites entre função administra­tiva e função eleitoreira. Os espaços entre ambos se imbricam, mas é possível distinguir palanque eleitoral de canteiro de obras. Não dá para enganar. Mas tal definição não serve como imunizante para preservar o pleito de ondas corruptivas que costumam inundar os vãos eleitorais.Analisemos. As eleições deste ano serão as mais ancoradas em dinheiro dos últimos tempos. Os cofres partidários estarão abarrotados com os recursos públicos do fundo eleitoral, cuja previsão é de cerca de R$ 5 bilhões. As margens serão contempladas com o programa Auxílio Brasil, que terá R$ 89 bilhões, além do Benefício de Prestação Continuada e a Renda Mensal Vitalícia, que pagam um salário-mínimo aos idosos e às pessoas de extrema pobreza. Os pacotes constituem a "bengala eleitoral" do presidente, com a qual pretende conquistar regiões carentes. Significa que, mesmo em uma economia depauperada e sofrendo uma pandemia sem previsão de final, o Brasil entrará numa "farra eleitoral", deixando ao largo compromissos com as metas de controle de gastos e crescimento.

Gaudêncio Torquato

Jornalista, escritor, professor titular da USP e consultor político