Esse transtorno é mais comum do que se imagina

Para muitos, a palavra é desconhecida, mas trata-se de um transtorno que afeta milhares de pessoas no dia a dia e compromete relacionamentos familiares e principalmente as finanças. Já identificou do que se trata? A oniomania é a compra por impulso, sem necessidade alguma. É quando a pessoa, por exemplo, entra numa loja e não resiste a pressão da compra, o que a leva a ter prejuízos financeiros. Geralmente, depois de fazer a compra compulsiva e perceber que não era necessária, a pessoa portadora da oniomania passa a ter sentimento de culpa.

A psiquiatra e psicoterapeuta Aline Rangel diz que este transtorno atinge cerca de 3% da população mundial, sendo de maior incidência entre as mulheres.

Numa linguagem mais simples, a oniomania é a compra compulsiva. "A pessoa vê nessas compras uma forma de satisfação para suprir outras carências, angústias e para diminuir o desconforto físico e psicológico. Para ela, o que excita é a ação, e não o objeto adquirido", afirma a psicoterapeuta.

A oniomania evolui de tal forma no comportamento da pessoa que passa a prejudicar outras áreas da vida, como os relacionamentos familiares.

As compras compulsivas fazem parte dos transtornos de controle dos impulsos. Ocorre geralmente em pessoas jovens que atingiram recentemente a independência econômica.

O ato compulsivo pode estar relacionado com o desejo de preencher um vazio emocional, comprando objetos materiais que podem dar um contentamento por pelo menos alguns instantes. Porém, a satisfação da nova compra não dura muito tempo e, em um curto período, outra é feita.

A compra compulsiva é uma fissura. "A pessoa concretiza o ato porque passa o dia inteiro com uma angústia e o ato de adquirir algo alivia esse vazio inexplicável. Entretanto, ela compra e logo em seguida vem o arrependimento. É quase como uma dependência química: para o cérebro, por exemplo, é como se ela usasse uma droga", explica Aline.

Sintomas e sinais da oniomania

Alguns dos sinais de consumo compulsivo são:

- Adquirir itens desnecessários, muitas vezes repetidos;

- Descontar tristezas e frustrações nas compras;

- Contrair dívidas que superam o valor que pode pagar;

- Fazer empréstimos para cobrir gastos com cartões de créditos e cheques especiais;

- Mentir, omitir e esconder os gastos excessivos e também as dívidas.

- Brigar com familiares e se desgastar nas relações sociais por conta dos gastos excessivos;

- Afastamento social.

Muitas vezes esse é um transtorno que demora a ser identificado pelo paciente e pessoas próximas. A busca por ajuda médica ocorre apenas quando o vício já acarretou diversos problemas.

A boa notícia é que a oniomania tem cura. Para tratar esse transtorno, o médico faz avaliação psiquiátrica para diagnosticar as questões relacionadas aos problemas. Muitas vezes as pessoas estão deprimidas e ansiosas e necessitam de medicação para auxiliar no processo.

Além disso, é iniciada a terapia cognitivo comportamental, que trará à tona as questões que envolvem o impulso pela compra.

"O tratamento para oniomania também é feito com aconselhamento sobre compras. O objetivo não é a abstinência completa do ato, mas o controle do comportamento", observa a psicóloga. O tratamento envolve uma sequência, que inicia na avaliação da necessidade; avaliação das possibilidades; pesquisa de preços e condições de pagamento; consulta a terceiros; negociação; deliberação; comprar o que foi programado. "Quando adequadamente tratado, o resultado costuma ser favorável", acrescenta Aline.