Este ano, a sexta-feira Santa, 7 de abril, promete ser ainda mais emocionante para os fiéis católicos que forem até a capela São Brás, no bairro Lagoa, em Gaspar. Isso porque o Teatro Luz Divina volta a apresentar presencialmente a encenação da “Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo”. A encenação religiosa, que relembra as últimas passagens de Jesus Cristo antes de sua crucificação, está marcada para as 19h e toda a comunidade está convidada a prestigiar.
O tradicional grupo de teatro de Gaspar fez uma pausa de 13 anos entre 2003 e 2016. Em 2017, as apresentações voltaram com força total, mas em 2020 novamente uma pausa teve que ser feita por causa da pandemia de Covid-19. No ano passado, a apresentação voltou a acontecer, mas de forma on-line.
Para este ano, a encenação volta a ser com o calor do público. A diretora do espetáculo, Vera Lúcia Alves, fala da felicidade com o retorno presencial. “A emoção fica à flor da pele, porque não existem palavras para descrever a emoção de quando o público está próximo. Emocionar uma pessoa de 70, 80 anos, que já viveu tanta coisa, e teve tantas perdas, alegrias e tristezas, e ver que a pessoa se emocionou com a história que é contada da mesma forma há séculos, é indescritível, uma emoção muito grande. Eu sou apaixonada pelo grupo Luz Divina, fico emocionada quando falo dele porque eu tenho um carinho por todos que fazem parte dessa família”, emociona-se a diretora. Os ensaios acontecem sempre aos finais de semana, e são muitos dias de preparação.
Atualmente, o grupo conta com 110 colaboradores, entre integrantes, organização, som, iluminação e outros. Além disso, Vera antecipa que novidades estão programadas para este ano, mas ela não detalhe o que, apenas garante que quem for assistir a encenação vai se surpreender e se emocionar muito.
Ela conta que este ano, o grande protagonista da encenação, Jesus Cristo, será interpretado por um novo ator. “O membro do grupo, José de Souza Junior, vai fazer o papel de Jesus. Ele tem um empenho, uma garra, um carinho muito grande com o grupo. Se empenhou demais e se moldou muito bem ao papel. Nós tivemos por longos anos o Cledenilson Alves de Andrade fazendo esse papel, que também fazia com maestria, tinha uma conexão com o personagem que era linda de se ver, mas infelizmente ele teve um acidente, machucou muito o braço e não tem condições de atuar”, explica a diretora.
O novo intérprete de Jesus Cristo tem uma história muito bonita com o grupo, além de já ser membro – interpretando um soldado – desde criança ele assistia as apresentações do teatro na Sociedade Almirante Tamandaré. “Quando ele era pequeno, com 5, 6 aninhos, a mãe dele já o levava para ver as apresentações na sociedade e ele tinha um rosto muito angelical e na época eu brinquei com a mãe dele dizendo que ele daria um Jesus muito bonito quando crescesse. Eu me esqueci dessa história, mas quando eu o convidei para o papel, ele me contou essa passagem com lágrimas nos olhos. Este ano o Junior está com 33 anos, a idade de Cristo e ele tem uma garra para fazer esse papel, quem for assistir vai se emocionar muito com desempenho dele”, finaliza a diretora.

A origem

O Teatro Luz Divina teve início em 1991. Conforme conta Vera, naquela época eram feitas novenas nas casas do bairro e, no encerramento de uma novena de Natal, algumas pessoas resolveram fazer um Presépio vivo na garagem da casa de uma das fundadoras do teatro, Terezinha Veronita Reinert. “Nós tivemos a ideia de fazer o presépio vivo e o pessoal que foi no encerramento gostou. No outro ano nós fizemos o encerramento de uma novena de Páscoa, com a Via Sacra, e o pessoal também gostou”, relembra. Ela diz que o grupo sonhou um pouco mais alto e pediu à diretora da Sociedade Almirante Tamandaré que cedesse o espaço para apresentações de páscoa e o pedido foi atendido. Assim foram os primeiros anos do Luz Divina.
Para a diretora, o grupo é como uma grande família. Nenhum integrante tem formação em artes cênicas, mas todos se empenham ao máximo para dar o melhor no espetáculo. “O grupo significa uma família muito grande e unida, com o propósito de evangelizar, de contar a história mais linda da humanidade. Quem era pequeninho em 1991 hoje já está casado, já traz os filhos, o grupo só cresceu nesse tempo. Nós procuramos fazer isso muito seriamente, buscando na bíblia para termos o máximo de fidelidade e com o único intuito de evangelizar o público. Cada ano que passa o público aumenta e a gente vai tentando fazer sempre dá melhor forma para que eles vejam a emoção que tem essa história, que na realidade é maior prova de amor que Deus teve com a humanidade. É uma história que não muda, mas ela sempre traz grandes emoções”, finaliza Vera.