País já superou a cifra de R$ 1 trilhão em arrecadação somente nos cinco primeiros meses do ano
Já pagou algum imposto hoje? Certamente que sim. Considerando o rendimento médio da população, os brasileiros irão trabalhar 149 dias em 2022 somente para pagar os impostos, taxas e contribuições exigidas pelos governos federal, estadual e municipal, ou seja, até o próximo dia 29 de maio. Daí pra frente, o salário recebido todo o final do mês passa a ser do trabalhador. O levantamento faz parte do "Estudo sobre os dias trabalhados para pagar tributos", do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). É possível concluir que o valor pago em impostos representa 40,82% do rendimento médio brasileiro, que de acordo com o IBGE foi de R$ 2.789,00 em 2021.
Se considerarmos a faixa de renda da população, aqueles com rendimento mensal de até R$ 3.000,00 tiveram que trabalhar 141 dias para pagar impostos, ou seja, até 21 de maio. Já os que ganham entre R$ 3.000,00 e R$ 10.000,00 trabalharão até o dia 6 de junho, totalizando 157 dias, enquanto os com rendimento mensal acima dos R$ 10.000,00 vão trabalhar 150 dias, até o dia 30 de maio. Na tabela abaixo é possível visualizar de forma detalhada as faixas de rendimento mensal e os tipos de tributos:
Até esta quinta-feira, dia 26, os brasileiros já pagaram 1 trilhão, 166 bilhões e 444 milhões. Em Gaspar, A alta carga tributária segue impactando a rotina dos brasileiros, mantendo um alto patamar nos últimos anos, como comenta o presidente executivo do IBPT, Dr. João Eloi Olenike. "O estudo foi feito considerando o período de base entre maio de 2021 e abril de 2022. Neste período, por conta do isolamento social necessário para o combater o coronavírus, houve uma retração na produção e circulação de riquezas do país, o que justifica o número de dias trabalhados ser o mesmo do estudo anterior (2021). A quantidade de dias trabalhados para pagar impostos segue estagnada nesse alto patamar nos últimos dois anos", ressaltou.
A edição de 2006 deste estudo serviu como base para a criação do Dia Nacional de Respeito ao Contribuinte, celebrado no dia 25 de maio. A data, sancionada em 2010, tem o objetivo de propor uma reflexão sobre qual é o papel do cidadão contribuinte para o funcionamento da sociedade.
Entre os anos de 2003 e 2022, salvo exceções, houve um crescimento percentual do valor dispendido pelos contribuintes para pagar a tributação sobre rendimentos, consumo, patrimônio e outros. Já em relação ao crescimento dos dias trabalhados, no período entre os anos de 1986 e 2022, houve um aumento quase que constante.
E para onde vão os impostos pagos?
Mas para onde vão os impostos que você paga?
Teoricamente, o propósito dos impostos que você paga é fazer com que cada cidadão contribua com os serviços que utiliza. Por exemplo, saúde pública e meios de transporte. Além disso, de acordo com informações da própria Receita Federal, os impostos também vão para o custeio de pesquisas, produção agrícola e industrial, segurança pública, cultura, esporte e meio ambiente.
Funciona assim: todos os impostos arrecadados vão para o Governo Federal. Depois ele os distribui para União, Estados e Municípios. São mais de 80.
Alguns dos impostos que você paga e seus destinos
Imposto de Renda - O famoso imposto de renda, que atinge o bolso de todo brasileiro que ganha a partir do mínimo estipulado na tabela do leão, tem como destino o financiamento de diversos projetos na área de saúde e educação, além de projetos sociais.
IPVA - No caso do IPVA, quem paga é quem tem veículo automotor. O destino, porém, nem sempre vai para a manutenção das vias do município, mas para a construção e manutenção de estradas e pedágios.
IPTU - Um dos impostos que você paga quando tem um imóvel é o IPTU. Neste caso, a arrecadação tem como destino funções sociais diversas no município.
O destino dos impostos que você paga é bem explicado na teoria. O fato, porém, é que nem sempre os impostos parecem ter retorno no bem-estar das pessoas na prática. Isso é mostrado pelo Irbes, o Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade. Ele é obtido a partir da soma da carga tributária com relação ao PIB com o Índice de Desenvolvimento Humano.
São levados em consideração os 30 países com maior cobrança de impostos. O Brasil faz parte, estando em última colocação desde o início, em 2011. De acordo com declarações do presidente executivo do IBPT, João Eloi Olenike, os tributos continuam sendo mal aplicados no Brasil e é preciso destinar o orçamento de maneira assertiva e eficaz.
Segundo Olenike, é essencial utilizar melhor os recursos arrecadados e aplicá-los em investimentos que possam trazer melhoria efetiva na qualidade de vida da população. "O valor que o Brasil destina atualmente para investimentos que tragam crescimento no IDH é muito baixo. O orçamento do país é muito engessado e enquanto não houver mudanças significativas nessa questão da alocação dos recursos, tende a continuar sempre assim", diz.
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